Gravidez

Inseminação artificial caseira funciona? Saiba os riscos e entenda por que a prática pode ser crime no Brasil

A inseminação artificial caseira pode trazer diversos riscos à saúde da mulher e, inclusive, levar a óbito - iStock
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Publicado em 11/02/2021, às 09h23 - Atualizado em 10/03/2021, às 07h33 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco


Como uma alternativa para realizar o sonho da maternidade, algumas mulheres ou ainda casais homoafetivos, tem criado grupos nas redes sociais com o intuito de encontrar doadores de sêmen para a prática da inseminação caseira. Segundo um estudo publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases, em 2017, o sêmen humano pode conter aproximadamente 27 tipos diferentes de vírus, incluindo zika, ebola, além de HIV e hepatite B e C.

A inseminação artificial caseira pode trazer diversos riscos à saúde da mulher e, inclusive, levar a óbito (Foto: iStock)

A especialista em reprodução humana, Dra. Carla Iaconelli, mãe de Beatriz e Guilherme, em uma conversa com a Pais&Filhos, alerta ainda sobre os riscos que a inseminação artificial caseira pode trazer, além da importância de realizar o procedimento de forma correta para proteger tanto a saúde da mãe como do bebê.

O que é inseminação artificial caseira?

“É um procedimento realizado quando a mulher pega o sêmen de um homem, coloca em uma seringa ou algo semelhante, e introduz dentro da vagina sem nenhum tipo de preparo ou tratamento”, explica a médica. Vale lembrar que para o processo ela também aguarda para o período fértil, como uma alternativa de aumentar as chances da gestação.

Riscos da inseminação artificial caseira

Durante a realização da inseminação artificial caseira, Carla Iaconelli reforça a possibilidade da mulher contrair doenças ou infecções sexualmente transmissíveis. “Nós não sabemos como a coleta foi feita, em que situação está a saúde dos genitais ou se ela possui alguma lesão no colo. Então, para qualquer tratamento de reprodução humana é importante que seja realizada uma avaliação integral da saúde da mulher como, um papanicolaue ultrassom transvaginal para saber se a mulher tem condições de levar essa gestação”.

Para qualquer tratamento de reprodução humana é importante que seja realizada uma avaliação integral da saúde da mulher

Para a especialista, a prática chega a ser bastante preocupante, pois a mulher realiza o procedimento sem nenhuma assistência, podendo causar sérios riscos à saúde. “Caso ela engravide, ela também está arriscando a vida do bebê”. Algumas das doenças que podem ser passadas são: hepatite, HIV, sífilis e HPV.

Por que a inseminação artificial caseira caseira pode ser considerada crime?

O Conselho Federal de Medicina determina que a doação de gametas (espermatozoides e óvulos) deve ser anônima e sem trocas financeiras entre receptor e doador. Além disso, os pais devem ter, no máximo, 50 anos de idade. Os fatos não têm como ser fiscalizados quando é feita a inseminação artificial caseira. Também de acordo com o Ministério da Saúde, segundo o art. 199 da Constituição Federal de 1988, a doação de substâncias ou partes do corpo humano como, órgãos, sangue, tecidos, assim com o esperma, deve acontecer de maneira voluntária e altruísta. Já o Código Civil prevê na Lei 9.434/97, em seu artigo 9º, que é permitido à pessoa dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, desde que não haja comercialização.

Como funciona o tratamento de inseminação e fertilização

Para que o procedimento seja feita da maneira mais segura possível, a procura por um especialista é indispensável. Felizmente, os tratamentos de reprodução humana assistida são avançados e os doadores de sêmen, por exemplo, passam por diversas exigências de exames de sorologia.

Além disso, a médica comenta a possibilidade de análises genéticas para preservar a saúde do bebê. “Se a mãe possui uma doença recessiva e o doador também possui aquele gene, existe o risco do bebê nascer com essa doença genética. Então, os doadores passam por essa análise genética, por isso é tão mais seguro”.

O sêmen humano pode conter mais de 27 tipos de vírus diferentes, causando infecções ou doenças sexualmente transmissíveis após a inseminação artificial caseira (Foto: Getty Images)

As inseminações caseiras geralmente são realizadas com a introdução do sêmen na vagina da mulher, mas caso haja a tentativa de uma inseminação intrauterina, Carla Iaconelli faz um alerta para a situação. “Para o sêmen ser colocado no útero, ele precisa passar por um processo, senão essa mulher pode ter uma reação que pode levar até a morte”.

Quando o sêmen é selecionado e avaliado, as taxas de gravidez são muito maiores. “Em um tratamento de inseminação, por exemplo, ela varia entre 15 a 18%. Já no tratamento de fertilização, as taxas podem chegar em até 50%”, conclui a especialista.

Para saber ainda mais sobre o assunto, assista ao vídeo:


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