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Volta às aulas e Covid-19: é seguro que a criança vá para a escola antes de receber a vacina?

Vacinação e volta às aulas - Shutterstock
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Publicado em 11/01/2022, às 08h09 - Atualizado às 09h06 por Hanna Rahal, filha de Lydiana


O Ministério da Saúde disse em coletiva de imprensa, na última quarta-feira, 5 de janeiro, que a previsão é que crianças de 5 a 11 anos de idade comecem a ser imunizadas contra a Covid-19 ainda este mês. Além disso, o órgão informou que não será necessário uma receita médica para que as crianças sejam vacinadas.

Após a decisão, além de algumas perguntas sobre o funcionamento do esquema de vacinação, a dúvida que fica, em clima de volta às aulas é: será preciso esperar até que meu filho esteja vacinado para mandá-lo à escola?  Conversamos com André Laranjeira de Carvalho, pai de Sofia e Manuela, formado e especializado pela Universidade de São Paulo, Pediatra do Hospital Albert Einstein e Raquel Muarrek, mãe de Lorena, Luisa, Sofia e Samuel, infectologista do São Luiz e da Medicina Interna Personalizada para esclarecer essa dúvida.

Devo mandar meu filho para escola antes de vaciná-lo?

Sim! As vacinas serão uma proteção adicional às máscaras, medidas de higiene e ao distanciamento social – que já estão sendo usadas com outros protocolos sanitários nas escolas. Os professores já receberam o imunizante e quanto mais crianças vacinadas, mais seguro será o ambiente que elas se encontram.

André explica que a vacina não impede a transmissão, mas impedirá a evolução para gravidade, assim como outras vacinas usadas todo ano. “Mais uma vez, vacinar é importante para voltar às aulas com mais segurança, pois se o vírus encontra um ambiente de muitas crianças vacinadas, ele não consegue prosperar, já que o organismo vacinado impede que ele complete seu ciclo reprodutivo dentro da célula”.

O especialista conta que mesmo que a criança tome apenas a primeira dose da vacina contra a Covid-19, a ajuda já é grande. Isso porque a primeira dose não protege 100%, mas já confere uma boa proteção e permite com que as crianças não fiquem mais nenhum dia fora das salas de aula. Contudo, vale reforçar que a segunda dose é essencial para a imunização completa, e ela deve acontecer cerca de oito semanas após a primeira dose.

A infectologista ainda lembra: “Se houver qualquer quadro gripal ou de Covid-19 na casa da criança, ou se ela apresentar qualquer sintoma, como coriza, febre, cansaço, dor de garganta, dor no corpo ou falta de ar, a ida à escola deve ser suspensa até o fim dos sintomas, teste negativo e o cumprimento do período de quarentena”.

Qual a importância dessa vacinação para as famílias?

Neste ponto, tanto o pediatra quanto a infectologista entrevistados concordam: é de extrema importância proteger a criança contra Covid-19, ou seja, vaciná-la, para proteger toda a família. Isso porque, uma vez que grande parte das pessoas acima de 12 anos estão vacinadas, é esperado que o vírus comece a acometer as pessoas não vacinadas, como as crianças.

Os especialistas ainda reforçam que a Covid-19 foi a doença infecciosa que mais matou crianças no Brasil. Segundo a FioCruz, foram mais de 3 mil óbitos desde o início da pandemia. “Não precisamos esperar mais óbitos para vacinar as crianças”, acrescenta André.

Além disso, essa também é uma forma de proteger todos aqueles que têm contato com as crianças. Como os avós e outras pessoas do grupo de maior risco.

Mas e os efeitos colaterais? A vacina é realmente segura?

Desde o início da pandemia da Covid-19 existem estudos para a vacinação em crianças, e a imunização só foi liberada depois de atender os critérios necessários para atestar sua segurança e eficácia. Então, de acordo com André, sim, a vacina é segura.

Vacinação crianças
Vacinação crianças contra a Covid-19 (Foto: ThinkStock)

O médico explica que os estudos feitos mostram que não houveram efeitos colaterais graves. “Quando observamos o efeito vacinal na vida real, após milhões de doses aplicadas, atestamos que a vacina em criança realmente é segura”, afirma.

De acordo com o pediatra, uma pesquisa do órgão americano CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, informou que os efeitos colaterais em mais de 98% dos casos, foram leves como febre e dor local. Os outros 2% foram efeitos graves como vômitos e mal estar. “Houveram cerca de 12 casos de miocardite com a vacina da Pfizer após 8,5 milhões de doses, o que dá menos de 0,0001% de risco (isso mesmo são 4 zeros!). Esse número é compatível com os efeitos mais sérios de vacinas conhecidas como gripe, meningo B, HPV e triplice viral”, explica e ainda reforça: “Eu não hesitaria em orientar os pais a vacinarem suas crianças entre 5 e 11 anos”.

Vale lembrar que a Anvisa recomendou que haja um tempo mínimo de 15 dias entre a aplicação da vacina da Covid-19 e outras do calendário infantil. “Na dúvida sobre qual vacina usar, prefira neste momento a vacina contra o coronavírus, dado o maior risco que as crianças estão correndo por não estarem vacinadas”, reforça o pediatra.

Quais os riscos da criança não se vacinar?

As crianças que não se vacinarem podem pegar coronavírus, transmitir e em alguns casos até morrer, principalmente aquelas com comorbidades. O pediatra explica que há um estudo do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USPque aponta: as crianças que mais internam e morrem de Covid-19, são aquelas com comorbidades, principalmente neurológicas, cardiológicas, imunológicas, sindrômicas.

“A criança não vacinada também pode ter um quadro respiratório pulmonar grave, o que pode levar à uma miocardite – inflamação do músculo cardíaco causada por uma infecção viral, de 10 a 15 vezes mais grave do que quando vacinada”, acrescenta Raquel. Ou seja, até o momento, os benefícios da vacina sobrepõem os riscos.

Uma luz no fim do túnel

Humberto Baltar, embaixador da Pais&Filhos, educador e pai de Apolo, acredita que apesar de todas as dificuldades, é possível enxergar a luz no fim do túnel, e olhar para essa volta às aulas como uma oportunidade de desenvolvimento para as crianças e de aproveitar o novo olhar que a pandemia trouxe aos pais e educadores.

Muito além da sala de aula: a importância do desenvolvimento socioemocional para a aprendizagem da criança
É preciso olhar para essa volta às aulas como uma oportunidade de desenvolvimento para as crianças (Foto: Getty Images)

“Conseguimos trazer as famílias para perto da educação, desse fazer pedagógico, da construção do conhecimento das crianças durante as aulas online. Além disso, houve também um benefício pedagógico para a escola, que foi a necessidade de ser menos conteudista. Estamos falando muito sobre sentimentos, ansiedade, como lidar com essa certeza de uma pandemia, lidar com a expectativa da volta; Isso trouxe à tona a humanidade de todos nós, e essa volta será vital para os nossos filhos”, avalia.


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