Publicado em 14/02/2022, às 07h57 por Redação Pais&Filhos
Uma sobrevivente da tragédia do Capitólio contou em entrevista ao jornal O Globo, como tudo aconteceu no dia, disse que o instinto protetor falou mais alto, e que se sentiu como ‘um falcão’. Isabel Martins da Costa, 46, é mineira mas mora no Rio há 23 anos, ela passou as festas em Belo Horizonte com a família.
“Em janeiro, alugamos uma casa em Escarpas do Lado, um bairro de Capitólio. A ideia era passar uma semana relaxante com a minha mãe, irmãs, cunhados, sobrinhos e amigos.”, contou Isabel que é mãe de dois filhos, Bernardo de 19 e Felipe de 14. O mais velho decidiu viajar para Búzios ao invés de ir com a família.
No sábado, dia 8 de Janeiro, a família decidiu ir ao Capitólio pois o tempo estava melhor. “Resolvemos ir. Na lancha, estavam, além de mim, meu filho Felipe, minhas duas irmãs e cunhados, quatro sobrinhos com idades entre 10 e 14 anos, e um casal de amigos com dois filhos nessa faixa etária. Em direção aos cânions, fomos parando. Meia hora teria feito a maior diferença, para o bem ou para o mal.”, disse.
Após 20 minutos a mulher percebeu pedras de 30 centímetros caindo no rio. “Já estávamos retornando, quando ouvi berros. Ao me virar, assisti à cena que parecia de filme, a imensa pedra se descolando e caindo. Gritei para os garotos: ‘Fiquem embaixo de mim’. Como um falcão, abri os braços e coloquei os cinco sob o meu corpo. Minha missão era salvá-los.”, desabafou Isabel.
O rosto da advogada começou a sangrar mas ela não havia percebido que parte da cabeça estava estilhaçada. Felizmente os meninos não sofreram nada, apenas um sobrinho que quebrou o braço. A advogada foi instruída por turistas que ela chamou de ‘anjos da guarda’, ela foi atendida na cidade de Passos e operada por um cirurgião plástico.
“Levei 200 pontos: cem externos e cem internos, para reconstituir o tímpano e o canal auricular. Sofri uma lesão na cervical e estou andando com uma muleta. Perdi a audição no ouvido direito e farei outra cirurgia em cerca de 20 dias para saber se a surdez é temporária ou permanente.”, detalhou a mãe.
“Porém, o maior impacto foi a mudança do meu olhar. A vida é um instante, o depois não existe. O que existe é um agora seguido de outro agora e assim por diante. Costumava falar que não tinha colágeno sobrando para me preocupar com bobagens. Agora, então… Sabe a palavra ressignificar? Faz todo sentido.”, finalizou deixando uma reflexão para todos.
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