Família

“Se não participa, não é o pai de verdade”, defende Marcos Piangers

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Publicado em 11/04/2020, às 06h43 por Ana Cardoso e Marcos Piangers


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O pai de verdade é o que é companheiro e carinhoso com as crianças (Foto: Getty Image)

Ele pai e Mãe, simples assim

Uma mulher me apresenta a filha como sendo “filha do coração”. Presumo que seja adotada. Estão juntas há tanto tempo, pergunto se só “filha” não seria o bastante. “É”, ela diz. Um homem me apresenta dois garotos, “meus enteados, mas é como se fossem meus filhos”, ele diz. “Então, são filhos”, respondi. São filhos da sua companheira, mas se você os trata como filhos, se eles chamam você de pai, oras, pra que “enteados”? Uma mãe me conta que o pai dos  seus filhos mal aparece, mas que o padrasto deles é atencioso e muito participativo. “Este é o pai, então”, eu disse. Ela não entendeu. “Não, esse é o padrasto. O pai de verdade nem participa de nada”, me respondeu. “Se não participa,  não é o pai de verdade. O pai de verdade é esse. Se participa e faz tudo, se é companheiro e carinhoso com as crianças, esse é o pai. O outro é um tio”, disse eu.

Precisamos dar o nome certo para as coisas. Se é como se fosse um filho, é filho. Se é como se fosse um pai, é pai. Se é como se fosse um estranho, é estranho. Por isso, costumo dizer que não tenho pai. Porque não tenho. Tem um homem que deu uma célula – uma célula! – pra minha mãe, e ela transformou aqui nisso que eu sou. Ela fez tudo. Tive mãe. Não tive pai. Quando alguém me diz “pai de verdade” pra se referir a um pai que não participa, ou “filho adotivo” pra se referir a um lho de verdade, doem meu ouvido e o peito. Quando um lho ouve o tempo todo que é adotivo ou enteado, se sente menos filho. Quando um pai ouve o tempo todo que é “como se fosse um pai”, é menos pai. É tanta família misturada hoje em dia, buscando ambiente de amor e afeto, que é muito injusto chamar pelo nome errado. A gente tem que dar o nome certo. “Filho de coração”, “enteado”, “pai adotivo”, esses termos distanciam. Filho é lho, e chamá-lo assim é uma declaração de amor. O mesmo vale pra “pai” e “mãe”. São declarações de amor. É eu te amo disfarçado de substantivo. É o nome certo para as coisas.

Ela como nossos filhos

Minha vizinha de praia está separada, criando seu pequeno sozinha. O pai pega o menino a cada 15 dias e, no máximo, almoça com ele. Ela fica triste, superprotege e lamenta o pouco apego do genitor. Pensa que a falta de referencial masculino pode lhe prejudicar. Ela tem receio de arrumar outro namorado, de que outro homem possa não ser um bom pai para o menino. Assume tudo sozinha e está exausta. Pai (e mãe) é quem cria. Lembro de uma chefe que tive que gargalhava contando que seus próprios lhos chamavam a avó de mamãe. Nem sempre conseguimos estar presentes. Mas, delegar tudo nos impede de criar uma relação sólida com nossos filhos. Precisamos evitar os extremos. Gosto de pensar que uma criança pode e deve ter muitos referenciais de adultos, além dos pais. Há pesquisas que mostram que a presença dos avós na infância aumenta significativamente o grau de felicidade.

Avós, tios, cachorros, gatos, galinhas… assim as crianças aprendem que o mundo é grande, amoroso, complexo. Muito maior que papai e mamãe podem fazer supor. Não entendo o que está acontecendo com boa parte da geração mais recente de mães e pais. Suprem todas as necessidades das crianças imediatamente, obedecem gente que não tem nem discernimento para mandar. Acham que o mundo está errado e que só eles sabem o que é bom para seus príncipes. Desautorizam a escola, os avós, os padrinhos. Conhecidos se questionam: o que pode fazer um padrinho nessa era onde os pais não aceitam pitaco? Virou só pra dar presentes (pré-aprovadas pelos pais, é claro), porque conselhos e ficar com a criança, nem pensar. Tenho adotado uma postura que pode desagradar muita gente mas é o que acredito ser o certo. Se o teu lho convive com o meu, coabita o mesmo mundo que eu, eu preciso te ajudar sim. Preciso dividir experiências. E se eu chamar ele de “filho”, não precisa ter ciúmes nem estranhar, todas as crianças deveriam ser tratadas com amor, atenção, carinho e limites. Como se fossem nossos próprios lhos.

Moral: “Toda criança merece ser amada, por todos que a cercam.”

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