Publicado em 21/05/2019, às 15h06 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h22 por Samirah Fakhouri, filha de Rose e Fauzi
A alimentação sempre foi e vai ser um assunto que gera muitas discussões, principalmente se estamos falando da dieta de uma criança.
Nos últimos dias as refeições veganas se tornaram assunto de debate entre médicos na Bélgica. Tudo começou quando o responsável pelos direitos da criança consultou a Academia Real de Medicina da Bélgica sobre os riscos que a dieta completamente vegana para os filhos pode causar. A resposta dos médicos foi taxativa: trata-se de “um regime restritivo que implica carências inevitáveis e exige o acompanhamento permanente das crianças para evitar atrasos irreversíveis no crescimento”.
A resposta do órgão belga veio acompanhada por vários depoimentos de seus especialistas, que alertam para casos “gravíssimos” que levam à hospitalização da criança. Os médicos avaliam que, ao seguir uma dietavegana, as crianças não recebem vitaminas essenciais, como D e B12, cálcio, oligoelementos e outros nutrientes indispensáveis para o desenvolvimento. “Falamos de atraso de crescimento, atraso psicomotor, desnutrição e anemias importante”, diz Isabelle Thiébaut, pediatra especialista em dietética.
A conclusão do estudo foi clara: o veganismodeve ser proibido para crianças, adolescentes, mulheres grávidas e lactantes. No entanto, a tendência é contrária. Segundo os seus dados, 3% das crianças belgas seguem hoje essa dieta. “O pessoal de saúde enfrenta um verdadeiro dilema ético. Damos alguma liberdade, tentamos explicar aos pais os riscos dessa dieta, mas o que fazer quando acreditamos que mantêm uma atitude perigosa em relação à saúde do filho?”, pergunta o professor Georges Casimir, também pediatra.
Em 2017, um bebê que só foi alimentadocom leites vegetais de milho, arroz, aveia e quinoa, veio a falecer por estar abaixo do peso recomendado, já gerou uma primeira polêmica no país sobre a maneira pela qual os pais aplicam dietas veganas aos filhos. “Certos desenvolvimentos devem ser feitos em um momento preciso da vida, e se não forem feitos, é irreversível”, lamentam.
Ao aumentar a quantidade de legumes, os médicos alertam para a crescente presença de potássio e fibras no corpodas crianças. “Quando você é criança, o corpo fabrica células cerebrais, o que implica em necessidades mais importantes de proteínas e ácidos graxos essenciais. O corpo não os produz, é preciso recorrer às proteínas animais”, insistem. Se isso não for feito, os médicos dizem que têm que recorrer à suplementação e realizar examesde sangue frequentes.
Já o maior grupo de nutricionistas do mundo, a Academia Americana de Nutrição e Dietética, defende que uma dieta sem produtos de origem animal é adequada para qualquer etapa da vida, desde que seja feita com planejamento e informação.
Fonte: El País
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