Publicado em 28/06/2022, às 09h23 - Atualizado às 09h24 por Redação Pais&Filhos
Em relação ao ano de 2021, cerca de 30.553 meninas de até 13 anos foram vítimas de violência sexual. O que significa, segundo apuração do portal Universaque, a cada 17 minutos, uma garota nessa faixa etária foi abusada sexualmente. Ainda de acordo com o jornal, ampliando para ambos os gêneros, foram 35.735 registros no ano passado. E somando todas as faixas etárias, 66.020 casos de estupro e estupro de vulnerável.
O Universainformou que os dados foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, durante esta terça-feira, 28 de junho. Os mesmos fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em relação ao crime de estupro em geral, teve um aumento de 4,2% em relação a 2020. Já crianças e adolescentes de até 13 anos, incluindo gênero feminino e masculino, representam 61,3% do total de vítimas.
De acordo com a pesquisa, 9 em cada 10 casos de violência sexual têm mulheres como vítimas. Em relação ao estupro, de acordo com a lei, se enquadram situações em que a vítima tem menos de 14 anos ou não pode consentir nem oferecer resistência – se estiver embriagada ou for uma pessoa com deficiência, por exemplo. “Fazemos o recorte de idade em caso de estupro de vulnerável desde 2019, e é sempre um cenário de terror (…) Mas a discussão sobre violência de gênero tem sido interditada, como se não pudéssemos tocar no assunto, quando na verdade esses altos números de violência sexual contra crianças nos mostram que temos que falar disso em escolas, com a educação sexual”, disse a Juliana Martins, psicóloga, doutora pelo Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) e coordenadora institucional do FBSP, ao Universa.
“Essa é uma conversa que tem que ser feita desde sempre, falando com crianças sobre violência de gênero, sexualidade e vida sexual saudável, porque isso vai ajudá-las a compreender o que é violência”, complementa. O levantamento ainda mostra que, de 2012 a 2021, 583.156 pessoas foram vítimas de estupro ou estupro de vulnerável no país. Mas, segundo o anuário, a estimativa é de que apenas em 2021 a taxa real de casos chegue a 289 mil, aproximadamente quatro vezes o número oficial.
Já em 8 em casa 10 casos, o agressor é uma pessoa conhecida. Pais, padrastos, primos, irmãos, tios, vizinhos e avós estão no início da lista. 95,4% das vezes são homens. Em 76,5% dos casos, a agressão é ocorrida dentro da casa da vítima. Além disso, o anuários traz os seguintes dados sobre o perfil das vítimas: 52,2% eram negras, 46,9% brancas, e amarelos e indígenas somam menos de 1%. Até 13 anos, a diferença cai: 49,4% erem negras, e 49,7% brancas.
“Se para a mulher adulta já é difícil falar da violência que ela sofre, principalmente nesse contexto íntimo e familiar, doméstico, imagine para uma criança? Ela, muitas vezes, nem entende que sofreu uma violência, que fizeram algo com ela que não poderia ter sido feito. E muitas vezes o agressor pode estar ameaçando, dizendo que vai fazer mal para alguém da família. O estupro de vulnerável é um dos contextos de violência de gênero mais perversos por causa desses fatores”, finaliza Juliana
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