Publicado em 03/03/2022, às 12h00 por Helena Leite, filha de Luciana e Paulo
Tatiana Pakhaliuk está vivendo junto com o filho, Nikita Synytsky, de 4 anos, que tem leucemia e síndrome de Down em um porão no principal hospital infantil de Kiev, na Ucrânia. Os dois estão abrigados no local com uma série de outras famílias para tentar continuar os tratamentos e se proteger da guerra.
“Estamos muito nervosos”, contou ela, em entrevista ao jornal Sky News. Ela contou que o filho está passando por uma série de traumas devido a situação do país e que ela consegue ouvir o som dele tremendo e rangendo os dentes de nervoso.
O menino está junto com um grupo de outros pacientes que estão internados gravemente doentes. Essas pessoas que ainda estão no local são apenas aquelas cujos tratamentos não podem parar, mesmo com aos mísseis e bombas russos caindo. Em vez do habitual quarto, cada criança, normalmente acompanhada por um dos pais, teve que se mudar para o porão do prédio, para garantir uma maior proteção.
Atualmente, a rotina da mãe e do filho acontece no subsolo. Diariamente, porém, a mãe precisa subir vários andares de escada com o filho no colo, quando chega a hora de receber o tratamento ou fazer exames. “Minhas mãos estão constantemente tremendo, mas as pernas estão como em boa forma porque são mais de 10 mil passos por dia – para cima e para baixo, levando-o no colo e carregando suas coisas”, contou.
Nikita precisa passar por quimioterapias e transfusões de sangue devido a leucemia, mas por conta da guerra, as bolsas de sangue estão escassas. “Os outros pais e eu nos revezamos para doar sangue para os nossos filhos. O máximo que podemos. Mas a situação é desesperadora”, contou a mãe.
Ela seguiu contando que adoraria sair do país e tentar cruzar a fronteira para a Polônia, mas que isso é quase impossível. Afinal, a travessia já é difícil para as outras famílias e, no caso dela, a saúde do filho se torna um agravante, já que isso significaria um bom tempo longe do hospital e dos tratamentos.
Enquanto isso, Tatiana já deixou claro que está disposta a ficar com o filho no subsolo do hospital o tempo que precisar para garantir a saúde e segurança dele, mas está preocupada com suas outras duas filhas de 14 e seis anos. No momento, as duas estão com o pai no estacionamento do prédio onde a família costumava morar. O pai ainda não levou as meninas até a fronteira porque o carro está sem gasolina, mas está se esforçando para conseguir sair do país com as garotas, enquanto a mãe fica para cuidar do mais novo. Além da gasolina, eles enfrentam um novo agravante: como homens entre 18 e 60 anos não estão autorizados a deixar a Ucrânia e foram convocados a lutar pelo país, ele não poderia deixar o local mesmo se conseguisse a gasolina para o carro.
Nas redes sociais, Tatiana tem compartilhado um pouco da rotina complicada da família durante esse período. Uma família da Polônia já chegou a se oferecer para receber as meninas em casa, em segurança. “Eu não conheço essas pessoas, mas estou muito agradecida”, disse a Tatiana. “Tenho medo de dar minhas filhas para pessoas que não conheço, mas acho que é o melhor que posso fazer como mãe, porque quero que minhas filhas fiquem vivas… E, no momento, meu filho precisa de mim, então estarei com ele”, finalizou ela.
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