Publicado em 28/10/2021, às 15h01 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso
Michelle Louise é uma mãe de 36 anos que resolveu compartilhar seu relato pós-parto. Em vez de falar sobre o nascimento do filho, Otter, ela contou sobre como decidiu manter a placenta dela ligada ao corpo do bebê por cinco dias – a prática, conhecida como Parto de Lotus, no entanto, não possui nenhum embasamento científico.
Enfermeira especializada em saúde mental, Michelle e seu companheiro, Edward, decidiram preservar a placenta com ervas para que ela “continuasse alimentando e nutrindo” o bebê até que o órgão se desprendesse naturalmente do corpo do filho. “Para nós, a experiência foi uma maneira mais suave de nosso filho fazer a transição para o mundo e se desenvolver suavemente para o lado da terra”.
“Há muitos benefícios para a saúde também e queríamos que toda a nutrição e sangue fossem para o Otter. Ao longo da minha gravidez, envolvi-me mais com a placenta, seu poder e sua importância para a vida de nosso bebê. Espiritualmente para nós, não parecia certo cortar o cordão e separar o bebê do órgão, queríamos que isso acontecesse naturalmente”.
Michelle contou que apoiava a placenta em uma toalha para não sujar nenhum lugar da casa e que ela, apelidada de “Alice, a melhor amiga de Otter”, caiu naturalmente após cinco dias do parto. A família fez um ritual para enterrar o órgão.
O parto de lótus prevê um processo sem nenhuma intervenção externa, ou seja, após o nascimento do bebê, seja através do parto normal ou cesárea, a mãe expulsa a placenta, que costuma acontecer depois de 30 minutos, e os médicos não fazem o corte do cordão umbilical. Dr. Igor Padovesi, médico ginecologista e obstetra, pai de Beatriz e Guilherme, pontua: “Embora não ofereça nenhum grande risco, placenta é tecido e funciona como uma carne fora da geladeira por uma semana. Apodrece”.
Até por essa questão, manter a placenta pode oferecer riscos à saúde do bebê, causando infecções se não for bem cuidado. “Eu absolutamente não recomendo, porque não há nenhum fundamento científico”, afirma. Os pacientes que optam por esse método costumam encher uma bolsa térmica com gelo ou colocar flores para inibir o cheiro.
De acordo com o ginecologista, a única recomendação baseada em fundamentos científicos em relação ao cordão umbilical é que o clampeamento não seja feito de imediato. “A não ser que o bebê nasça e precise ser entregue para reanimação neonatal, a gente deve aguardar para fazer o clampeamento tardio do cordão umbilical, entre 1 e 3 minutos, ou depois de parar de pulsar”, finaliza.
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