Publicado em 14/07/2022, às 14h41 - Atualizado às 14h54 por Redação Pais&Filhos
Uma fonoaudióloga suspeita de torturar crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em uma clínica particular localizada em Duartina, no interior de São Paulo, xingava os pacientes via mensagens de texto. Por meio da apuração jornalística do portal g1, foi possível ter acesso aos prints que constam os ataques verbais realizados pela profissional. Agora, as imagens em questão fazem parte do inquérito policial que investiga as denúncias de várias mulheres, as quais os filhos foram atendidos pela mulher.
Nas imagens que comprovam os ataques feitos pela fonoaudióloga, ela ofende as crianças e ainda tenta forjar os atendimentos clínicos. Como exemplos dos xingamentos, são eles: “Jesus, que o [nome] durma”, “9h e o chato do [nome]”, “O [nome] está insuportável”, “Demônio chegou para encher o saco”. Além de: “Dá uma disfarçada, sabe, finge que eu tô atendendo” e “Eu não vou à tarde para a clínica amiga, inventei para a [nome] que tenho reunião”.
Em entrevista concedida ao portal, uma ex-funcionária que registrou as imagens, áudio e vídeo das crianças durante os atendimentos, contou que a fonoaudióloga mantinha os pacientes em cárcere, trancados em uma sala específica, chamada de “sala de luz”. Ela também afirmou que decidiu formalizar a denúncia quando viu um paciente receber um tapa da profissional.
Além da ‘gota d’água’ que fez a ex-funcionária ter denunciado a colega de profissão, ela contou que ficou abalada psicologicamente ao se dar conta do que estava vivenciando e presenciando. “As crianças não estavam tendo atendimento. A fonoaudióloga falava com as mães, mas as crianças ficavam na sala comigo, e eu estou cursando a psicologia, ainda não tenho esse repertório de fazer o tratamento adequado”, disse.
Em seguida, finalizou: “Quando presenciei a olho nu, eu falei para a minha chefe, a que havia me contratado como acompanhante, que não queria trabalhar mais lá. Ainda fiquei na clínica quase um mês para registrar esses momentos. O que eu presenciei nunca vou tirar da cabeça. Não tem sentimento pior. Fiz tudo pelas crianças”.
As três mães que fizeram as denúncias à polícia, relataram episódios de supostas agressões, torturas contra as crianças e diagnósticos errados. Por exemplo, uma delas também ouvidas pelo g1, contou que suspeito do comportamento alterado do filhos, de dois anos, após consultas com a fonoaudióloga, que começaram no dia 8 de junho de 2021.
“Toda sexta-feira, meu filho ia à terapia com a fonoaudióloga e com a terapeuta ocupacional. Nós não tínhamos acesso às terapias, eram reservadas. Nesse tempo, não observamos nada de anormal”, disse a primeira mãe. No entanto, posteriormente, a matriarca percebeu que o filho começou a recusar toques nos órgãos em específico depois que passou a frequentar a clínica particular de Duartina, até o momento, sem razão.
Por via das dúvidas, a mãe gravou um vídeo e questionou ao filho: “onde a tia pegava e colocava a mãozinha?”. Em seguida, o menino responde e aponta com o dedo sob a fralda e diz: “aqui”. Além disso, a criança confirma que a profissional tocava no órgão dele.
Outra mãe alegou que o filho era trancado em salas no consultório da fonoaudióloga. Ela descobriu por meio de uma foto em que mostra as mãos do menino no vidro. “No dia 9 de junho deste ano, fui chamada à delegacia. Eu achava que eles iam me perguntar dessa falta de atendimento, que eu também vinha percebendo, mas não. Eu descobri que meu filho era trancado em salas do consultório. Não estava esperando. Eu confiava nela”, disse.
Por fim, uma terceira contou que o filho teria sido agredido na boca pela fonoaudióloga. ” muito difícil, eu sei de onde o meu filho veio, sei o que ele passou para chegar onde está. É uma criança que não sabe falar, que não sabe se expressar. Ele é extremamente vulnerável. O tapa doeu muito mais em mim. Desumano”, lamentou.
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