Publicado em 16/08/2022, às 14h07 - Atualizado às 14h10 por Cecilia Malavolta, filha de Iêda e Afonso
O ator Juliano Cazarré, que faz parte do elenco do remake de Pantanal, tem compartilhado em suas redes sociais atualizações sobre o estado de saúde da filha mais nova, Maria Guilhermina. A menina, que veio ao mundo em 21 de junho, teve o parto antecipado em um mês após descobrirem que ela possui uma cardiopatia congênita chamada Anomalia de Ebstein. A condição fez com que ela passasse por uma cirurgia de 10 horas logo depois de seu nascimento e, agora, está com uma prótese no órgão.
De acordo com o Dr. José Cícero Stocco Guilhen, especialista em cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Santa Joana, cardiopatia congênita é uma doença do coração que acompanha o paciente desde o nascimento, ou seja, é desenvolvido ainda durante a gestação da mulher. Os sintomas do problema podem variar – tudo depende do tipo de condição e qual é a gravidade dela. Os pais de recém-nascido devem ficar de olho nos seguintes sinais:
Descrita pela primeira vez na literatura médica em 1866, a Anomalia de Ebstein é uma malformação congênita rara que faz com que o coração se desenvolva de maneira “irregular”: o átrio direito (responsável por receber o sangue de diversas partes do corpo) fica muito grande, enquanto o ventrículo (que bombeia o sangue de volta para o corpo humano) fica muito pequeno e se torna ineficaz em sua função.
“Embora seja uma anomalia rara, é a doença congênita mais comum da válvula tricúspide. Entre as cardiopatias congênitas, a Anomalia de Ebstein têm incidência variando de 0,4 a 1,07% nos pacientes. Comparada a outras cardiopatias congênitas, a anomalia descrita tem curso clínico mais lento, com possíveis repercussões ocorrendo apenas mais tarde na vida”, explica o cardiologista Ricardo Negri Bandeira de Mello, coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital Vila da Serra.
Segundo o dr. Ricardo Negri, a Anomalia de Ebstein pode (e deve) ser identificada durante a gestação em um ecocardiograma, ultrassom que vê o desenvolvimento do coração do bebê ainda na barriga na mãe e que fornece imagens do órgão do feto obtidas por meio do som.
“A gravidade está associada à idade em que inicia sua sintomatologia. Quando diagnosticada durante o período neonatal (logo após o nascimento), a mortalidade pode alcançar até 50%”, explica o cardiocologista Negri. Por isso, é extremamente importante realizar todos os exames do pré-natal para garantir que está tudo certo com a saúde do bebê durante a gestação.
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O principal objetivo do tratamento para a Anomalia de Ebstein é diminuir os sintomas e evitar que o paciente passe por algum tipo de complicação na saúde. “Diversos medicamentos podem ser utilizados, principalmente os vasodilatadores e medicações para o controle dos batimentos cardíacos. A indicação de realizar troca de válvula tricúspide tem como base dispneia ou insuficiência cardíaca direita com limitação funcional importante para as atividades diárias habituais do paciente, intolerância progressiva ao exercício, arritmias cardíacas não controladas com medicamentos, ou comorbidades significativas”.
Geralmente, nem todas as cardiopatias congênitas possuem causas bem definidas. “No entanto, hoje sabemos que a maioria se deve a alterações genéticas que ocorrem esporadicamente durante a formação do coração do feto na vida intrauterina”, comenta o Dr. José Cícero.
Além disso, é possível correlacionar as cardiopatias congênitas à doenças crônicas ligadas a mãe, como a diabetes, que pode aumentar o risco de desenvolvimento dessa enfermidade no bebê, segundo o especialista. “Algumas doenças podem estar relacionadas ao uso de medicações, por exemplo, o uso de Lítio, que está associado ao desenvolvimento de doença de Ebstein na válvula tricúspide. Outra situação mais comum é a associação da cardiopatia congênita com alguma cromossomopatia, por exemplo, a Trissomia do 21 (Síndrome de Down) que está bastante relacionada à presença de doença no coração do bebê, assim como a Síndrome de Turner e a Síndrome de Edward, entre outras”.
Felizmente, é possível que o paciente com cardiopatia congênita leve uma vida normal, frequentando a escola, realizando atividades físicas e recreativas como qualquer criança da mesma idade. Dr. José Cícero reforça apenas é importante o acompanhamento médico do quadro com um especialista para que a condição seja sempre avaliada. “Dependendo do tipo de cardiopatia e de sua gravidade a criança pode apresentar algum grau de restrição na sua capacidade funcional. Já em relação aos esportes competitivos, o paciente precisa passar por uma avaliação médica individual antes de iniciar uma atividade física.
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