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Fadiga por compaixão parental: o que é, como saber se você está sofrendo e o que fazer

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Publicado em 29/09/2021, às 14h13 - Atualizado em 30/09/2021, às 15h09 por Redação Pais&Filhos


Depois de um ano exaustivo de parentalidade na pandemia, muitos pais estão esgotados da montanha-russa interminável de ansiedade. E agora, com a volta às aulas, os pais também estão tendo que ajudar as crianças a se readaptarem ao ensino presencial e tentando acalmar os sentimentos à flor da pele em relação ao medo da variante Delta. E como se não bastasse tudo isso, ainda estão tentando retomar atividades “normais” como as aulas e esportes dos filhos extracurriculares.

E no meio desse monte de responsabilidades, o estresse dos pais vem aumentando. Uma pesquisa realizada em 2020, pela Associação Americana de Psicologia, mostrou que quase 50% dos pais com filhos menores de 18 anos estavam mais estressados do que no começo da pandemia. Além disso, 31% deles disseram estar lidando com problemas de saúde mental. Outro estudo mostrou que 28% das mães e 13% dos pais sentiram na pele o esgotamento causado pela pandemia.

O que podemos chamar de burnout parental pode fazer com que os pais se sintam esgotados e incapazes de lidar com mais algum estresse, mas alguns pais também podem sentir que a ‘reserva de empatia’ deles está esgotada. Esse sentimento, de acordo com pesquisadores, pode ser um sinal da fadiga de compaixão, uma condição de saúde que afetou os trabalhadores da linha de frente durante a pandemia do Covid-19. Como você deve imaginar, existem diferenças entre a fadiga de compaixão dos profissionais e de pais, mas podemos dizer que alguns sintomas são semelhantes.

Uma pesquisa realizada em 2020, pela Associação Americana de Psicologia, mostrou que quase 50% dos pais com filhos menores de 18 anos estavam mais estressados do que no começo da pandemia (Foto: Getty Images)

Sintomas de fadiga por compaixão parental

Dois sinais característicos da condição são a exaustão emocional e o sentimento de rompimento com as emoções do seu filho. “Os pais com fadiga de compaixão costumam ser menos pacientes com situações estressantes que geralmente enfrentariam numa boa”, diz Nina Kaiser, Ph.D., e psicóloga infantil em São Francisco, na Califórnia. Na prática, coisas que poderiam ser simples, como confortar seu filho durante uma crise de birra, pode ser parecido com correr uma maratona sem fim. “A apatia em relação às necessidades e ao sofrimento do seu filho também é comum”, fiz Clarissa Simon, Ph.D., cientista de saúde no Hospital Laurie, em Chicago.

Outros sintomas podem incluir:

  • Ansiedade
  • Mudanças de humor
  • Mudanças no apetite
  • Afastamento de familiares e pessoas queridas
  • Sentir-se sem esperança
  • Insônia
  • Dificuldade para dormir
  • Exaustão
  • Sentir-se constantemente irritado e com raiva

Causas da fadiga por compaixão parental

Diferente do burnout parental, que é provocado pelo cuidado constante de outras pessoas, a fadiga de compaixão é normalmente desencadeada por testemunhar um trauma. “Com o contínuo trauma da pandemia, um número crescente de pais está realmente lutando”, diz Dr. Simon.

E quando problemas financeiros, escolas fechando, a perda de entes queridos, e enfrentar uma doença atacando o mundo (às vezes, tudo isso de uma vez), o sistema nervoso do corpo reage, segundo Kara Hoppe, psicoterapeuta e autora de ‘Baby Bomb: A Relationship Survival Guide for New Parents’, em português algo como ‘Bomba do bebê: um guia de sobrevivência no relacionamento para novos pais’. É como se o corpo ativasse o modo de luta ou fuga, a psicanalista explica.

E uma vez que o trauma diminui, o corpo consegue se recuperar – mas essa pandemia não nos proporcionou grande pausa, especialmente para os pais, não é mesmo? “Quando o sistema nervoso não consegue se acalmar, ficamos hipervigilantes, sempre à postos para encarar o perigo”, Hoppe diz. E essa síndrome do estresse prolongado pode tornar o raciocínio, a compaixão e a solução de problemas mais desgastantes, a especialista acrescenta.

Dois sinais característicos da condição são: a exaustão emocional e o sentimento de rompimento com as emoções do seu filho (Foto: Getty Images)

Não é incomum, porém, que essa fadiga da compaixão faça com que os pais se sintam envergonhados, fazendo-os se sentir “mal” ou culpados de alguma maneira por estarem cansados, Hoppe explica. Mas o que é importante saber é que a compaixão não desaparece por falta de amor, mas sim é afetada por traumas, acrescenta Dr. Kaiser.

Para que a cura comece, deve existir uma sensação de segurança, o que significa que o trauma deve acabar. Mas se tratando da pandemia, não existe muita previsibilidade. “Os pais estão preocupados com o bem-estar dos filhos e a saúde mental deles, sem tempo suficiente para cuidar de si mesmos. É uma mudança emocional”, diz Dr. Kaiser.

Como lidar com a fadiga por compaixão

A condição pode dificultar a sensação de esperança, tornando a mudança quase impossível. Mas mesmo quando a vida parece fora de controle, ainda existem passos que os pais podem dar. O primeiro passo, segundo especialistas, é reconhecer os sintomas dessa síndrome de estresse.

Se a fadiga da compaixão está realmente pesando na sua vida, existem ferramentas apoiadas por especialistas que podem ajudar. Tomar alguma atitude para reverter o cenário pode evitar que a condição vire algum problema mental mais crônico e grave, como depressão, ansiedade ou a dependência de medicação, segundo especialistas.

Ferramentas que podem te ajudar

  • Autocuidado

Superar a fadiga de compaixão começa com autocuidado, diz Dr. Kaiser. No entanto, encontrar tempo para aulas de ioga, jantar com amigos e um novo hobbie pode parecer praticamente impossível quando você está trabalhando e cuidando das crianças.

O segredo, segundo Dr. Kaiser, é ajustar suas expectativas. “Procure por micro-oportunidades de autocuidado”, ela aconselha os clientes. Por exemplo, talvez não haja tempo suficiente para uma volta de bicicleta, mas você pode tirar um momento para você mesma e respirar fundo algumas vezes. Se você é uma mãe ou pai novo, colocar o bebê no berço e tomar um banho pode ajudar. Basicamente tire pequenas oportunidades para dar a você mesma um espaço, Dr. Kaiser aconselha.

A psicóloga acrescenta que essas pequenas pausas de autocuidado podem não ser uma solução completa, mas fazer alguma coisa pode mudar a forma como você se sente. O sofrimento aumenta quando achamos que vai durar para sempre, mas lembrar a si mesma que a dor é temporária pode trazer sensação de alívio, segundo os especialistas de mindfulness.

  • Exercite a curiosidade

Pesquisadores descobriram que um tipo específico de empatia, conhecido como ‘empatia afetiva’, pode aumentar o risco de fadiga da compaixão. ‘Empatia afetiva’ é como sentir-se com a outra pessoa, é como sentir a tristeza ou decepção do seu filho como se fossem sentimentos seus.

E uma maneira de conter esse sentimento é exercitando a curiosidade. Em vez de pegar a emoção do seu filho para você, tente enxergar o mundo através dos olhos dele. Por exemplo, você provavelmente sabe como é a tristeza para você, mas como pode ser para ele? Jodi Halpern, Ph.D., professor e pesquisador sobre empatia na Universidade da Califórnia, chama isso de ‘curiosidade empática’. A pesquisa dela também mostrou que esse tipo de empatia pode ajudar a reduzir o sofrimento pessoal, assim como a ansiedade.

  • Pratique a autocompaixão

A pesquisa mostrou que as atividades mente e corpo, como a autocompaixão, podem ajudar a curar a fadiga de compaixão. Por exemplo, em um estudo, pontuações mais altas de autocompaixões foram associadas com menos sintomas de fadiga de compaixão.

Se a fadiga da compaixão está realmente pesando na sua vida, existem ferramentas apoiadas por especialistas que podem ajudar (Foto: Shutterstock)

A psicóloga Kristin Neff, Ph.D., recomenda tratar a si mesmo como você trataria seu filho ou um amigo. Na prática, é simplesmente dizer: “Eu reconheço que esse é um momento difícil”, ou nomear seus sentimentos também pode amenizar seu sofrimento. Além disso, a psicóloga ressalta que exercícios como escrever um diário, ou pedir um abraço para um ente querido podem ajudar.

  • Peça ajuda

Quando pais estão lutando contra a fadiga da compaixão, é essencial procurar por ajuda, indica Dr. Simon. Peça para o seu parceiro ou parceira, por suporte familiar ou por ajuda emocional vinda de amigos também, ela aconselha.

Dar o primeiro passo e pedir ajuda pode ser complicado, ainda mais sabendo que outros pais a sua volta também estão tendo dificuldades com este período. Dr. Kaiser recomenda montar uma estratégia com esses outros pais. Você pode criar um grupo e encontrem maneiras de ajudar uns aos outros. Talvez você organize uma troca de refeições, de modo que vocês não cozinhem todos os dias da semana, ou quem sabe uma troca de caronas.

Claro que consultar um terapeuta pode ajudar muito. Você pode procurar por atendimentos presenciais ou mesmo online. Pode demorar um pouco, mas com ajuda você se sentirá melhor. E ao entrar no seu novo programa de autocuidado, lembre-se de que atender às suas necessidades atende a toda família, diz Dr. Kaiser.


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