Publicado em 17/11/2014, às 14h49 - Atualizado em 03/09/2015, às 08h28 por Redação Pais&Filhos
Como conter o impulso de gastar que os nossos filhos vêm adquirindo cada vez mais cedo? Propagandas apelativas na televisão, lançamentos quase que diariamente, sem contar a falta de diálogo e maus exemplos que estão inseridos dentro de casa. Complicado, né? Para Denise Hills, superintendente de sustentabilidade do Banco Itaú, a educação financeira é um aprendizado que deve ser abordado dentro de casa, e de maneira clara e direta, pois se aprendido corretamente pode ser levado para a vida toda e auxiliar nas escolhas conscientes no futuro. “Quando inserimos esse tipo de aprendizagem no seio familiar ou na escola, temos a oportunidade de mostrar que o tema vai além das questões financeiras e que deve ser abordado não apenas nas situações de dificuldade”, diz
Mas eu não preciso disso…
Mãe, eu quero aquele carrinho de controle remoto, um videogame novo, e não esquece da minha bicicleta… São tantos os pedidos que os pais ficam perdidos e acabam cedendo aos desejos dos filhos. Para acabar com esse tipo de comportamento, eles devem explicar a diferença entre desejo e necessidade desde cedo. Ensinar essa diferença – tão óbvia para alguns adultos – ajuda a criar um indivíduo consciente e responsável. “Em vez de dizer sim ou não, os pais devem convidá-los a pensar sobre os pedidos e ver se realmente são necessários”, ensina Ana Paula Honros, consultora e educadora financeira, mãe de Suelen, embora essa tática nem sempre seja eficaz, pois para as crianças tudo é necessário e pra já.
Segundo a consultora, para tornar esse processo lúdico, os pais podem trazer elementos do universo deles para o processo. Que tal fazer uma lista de desejos? Essa brincadeira pode ensinar valores que acompanharão a criança pelo resto da vida. “Isso é uma forma de conter a compra impulsiva, e ensinar que um brinquedo novo é um desejo e não uma necessidade”, diz Ana Paula.
Eu quero, agora!
Aniversário, Dia das Crianças e Natal são algumas das principais datas comemorativas que toda criança conta no dedo para chegar. Passear por horas no shopping para encontrar o presente (ou presentes) perfeito, é uma cena que todo pai já passou ou vai passar – é só uma questão de tempo. Mas por que os pequenos estão consumistas? Segundo Luciana Lapa, orientadora educacional do Colégio Stance Dual School e filha de Iolanda e José Ferdinando, isso acontece porque vivemos em um mundo imediatista e que trata os objetos e relações de forma descartável, e dessa maneira não damos valor verdadeiro. “Se no momento que um brinquedo quebra a criança recebe outro igual, quase que magicamente, ela não vai cuidar e nem dar importância”, fala Luciana. O certo seria mandar o brinquedo consertar e fazer com que ela espere a volta dele para casa.
Sempre uma recompensa
Outro conceito que pode ser estimulado, mesmo antes do contato com o dinheiro, é a relação entre esforço e recompensa, sugere Aquiles Moscas, pai de Victor, estrategista de investimentos pessoais da Santander Asset Management. “É uma forma de a criança dar valor ao que tem. Ao premiar o esforço, em vez de dar sem motivo, você também mostra o valor do trabalho”, diz. Para ele, até mesmo a mesada pode ser condicionada para realizar certas tarefas domésticas, como levar o lixo para fora ou arrumar as camas.
Pensando nessa dica, a empresária Fernanda Sanches, mãe de Pedro e Maria Julia, usa a recompensa como um jeito de preparar os filhos para serem independentes. “O meu filho de 10 anos me pediu um brinquedo novo. Então eu falei: por que você não vende o brinquedo que não usa mais para comprar outro? Para minha surpresa, ele adorou a ideia”, conta orgulhosa do pequeno. Essa atitude muitas vezes não é fácil. Nenhum pai quer ver o seu filho chorando ou fazendo birra por um brinquedo novo. Pode cortar o coração, mas é necessário dizer NÃO às vezes. “A gente só tem vontade de dar e dar, sem dizer não. Mas sempre falo que um dia eles vão ter que se virar sozinhos, sem ajuda dos pais e vão ouvir não do mundo”, compartilha Fernanda.
Cofrinho, sim!
O famoso cofrinho de porquinho que toda criança tem na infância pode parecer bobo e pouco rentavél, mas se usado de maneira correta pode ensinar o pequeno a guardar dinheiro. De moedinha em moedinha, essa primeira poupança pode render muito e servir de estímulo para os próximos anos.
Conforme ela for crescendo, os pais podem substituir as moedas por dinheiro em nota e aumentar a quantidade de maneira gradativa. Mas Mosca faz um alerta: não se deve dar cartão de débito ou crédito para as crianças de jeito nenhum. “O cartão é abstrato demais. Com as notas, ela tem noção que aquela quantidade dá para comprar um determinado objeto”, enfatiza o estrategista financeiro. Mesmo com essas preocupações, os responsáveis devem supervisionar as primeiras compras, pois ainda que eles já tenham aprendido as operações básicas (somar, subtrair e dividir), nem sempre conseguem usá-las de maneira rápida para calcular o troco. Depois de um certo tempo, as crianças podem ter autonomia para realizar a suas próprias compras.
Cálculo da mesada
Para que a criança consiga controlar a mesada, o ideal é que você dê o valor semanalmente. Se você dá um desafio de um mês pode ser longo demais para ela aprender a administrar o valor que ganha. Espaços curtos de tempo são mais educativos. Outro fator deve ser respeitado: a quantia deve estar dentro do orçamento da família. Os pais junto com os filhos devem definir as finalidades e as necessidade que aquele dinheiro irá suprir – lanches na cantina do colégio ou para comprar figurinhas ou outros objetos –, e fazer os cálculos de quanto será necessário para passar aquele determinado tempo. “Cabe aos pais dar os limites para o uso do dinheiro, e depois não dar mais nada além desse valor”, aconselha Ana Paula. Outra alternativa é começar com um valor semanal compatível com a idade da criança. Ou seja, se ela tem 10 anos irá receber R$ 10,00 por semana. É um bom critério de início.
Para Denise Hills, “administrar uma mesada é uma boa maneira de desenvolver a capacidade de planejar e fazer escolhas – e conviver com os próprios resultados”. E ainda salienta que o ideal é não dar adiantamentos ou complementar o dinheiro. “Em torno de 11 e 12 anos, o pré-adolescente já possui maturidade suficiente para fazer suas escolhas de longo prazo, como gastar ou poupar”, enfatiza Denise.
Exemplo vem de casa
Não adianta cobrar uma atitude sensata dos filhos se os pais não dão o exemplo dentro de casa. Portanto, organize-se, planeje, poupe. “Ver os pais controlando seus gastos, se esforçando, cria naturalmente uma mentalidade de controle na criança”, afirma Aquiles Moscas. Mas não espere que seu filho de 4 anos vá de bom grado juntar o dinheiro que ganhar. Esse é um hábito que vai sendo incutido com o tempo. “O poupar precisa de mecanismos da área cerebral do neocórtex, que não funciona plenamente até os 7, 8 anos”, informa Mosca. Portanto, se quiserem que a criança tenha algum tipo de economia desde cedo, a responsabilidade é dos adultos.
Associação positiva
Para uma criança, guardar pode parecer muito chato e sem retorno, algo ligado apenas a sacrifícios, que as obriga a abrir mão de comprar o que desejam. Por isso, os responsáveis devem tentar relacionar o ato de poupar com algo positivo. “Uma dica bacana é associar as férias à poupança. Os pais devem dizer que só puderam viajar porque enconomizaram”, afirma Aquiles. E, para as crianças a partir de 7 anos, é até possível fazê-las tomar parte das ações em prol das férias. “Quando pedem algo, vale questioná-las se não seria melhor abrir mão desse desejo para ter férias mais legais. Então, nas férias, é preciso dizer: isso só foi possível porque você abriu mão naquela hora”, afirma Mosca.
Disciplina e sonhos
Poupar é algo que todos deveriam fazer, em qualquer época da vida. Basta ter disciplina e uma boa dose de paciência. “Ter uma reserva é ter mais qualidade de vida. Ela dá tranquilidade – você fica preparado para imprevistos – e permite realizar seus projetos”, afirma Guilherme Rossi, superintendente comercial da Brasilprev, pai de Manuela e padrasto de Gabriel.
E, se mesmo para os adultos guardar dinheiro não é uma tarefa fácil, imagine para as crianças. Uma maneira de ajudá-los, sem pressioná-los, é dar a mesada já com um “desconto”, como se fosse uma taxa do banco que servirá como poupança para realizar algum desejo. “Sempre que possível mostre o quanto aquele pouquinho guardado mês a mês rendeu, para ele entender que é uma construção”, afirma Rossi.
Lições para a vida
Mais do que fazer seu filho ficar rico ou prepará-lo para ter finanças organizadas no futuro, é importante ter em vista que o consumo é uma questão do presente que afeta a todos. “Educação financeira é ensinar a fazer escolhas conscientes, e isso tem a ver com a vida deles hoje”, afirma Luciana.
De forma prática, esses ensinamentos podem ser estimulados com alguns desafios para a família, como marcar um dia sem celulares ou compras. Atos assim têm o potencial de prover uma reflexão sobre o valor dados às coisas e ao dinheiro – por parte dos filhos e, principalmente, por parte de toda a família.
Para saber mais sobre educação financeira e mesada, assista:
Casa do saber para pais e filhos
Preocupada com a vivência dos filhos com dinheiro, a chef de cozinha Thaiza Krueder, mãe de Matias e Cristina, procurou o curso de educação financeira da Casa do Saber, em São Paulo, para esclarecer algumas dúvidas. “Em casa, conversamos sobre dinheiro, mas fica tudo muito teórico, e eles acabam superprotegidos e não lidarem, diretamente, com dinheiro”, afirma Thaiza.Esse foi um dos motivos que levaram-na a procurar ajuda. O curso abordou cinco passos essenciais que devem ser ensinados aos pequenos. São eles: A utilização do dinheiro e seu valor; A importância do trabalho e suas recompensas; O uso do dinheiro: poupança e doação; Consumo e consumismo; e Noções básicas para o empreendedorismo mirim.
Segundo a assessoria da escola, o curso foi muito bem aproveitado pelos pais, e a casa pretende repetir o curso ainda este ano.
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