Publicado em 03/10/2020, às 08h15 por Giulia Pires
A pandemia do coronavírus deixou muitas vítimas pelo mundo. O United Hospital Fund, organização dos Estados Unidos, publicou um relatório feito em parceria com a empresa Boston Consulting Group para mostrar dados alarmantes deste ano.
O estudo confirma que apenas em Nova York, 4200 crianças perderam o pai, a mãe ou um responsável entre março e julho. Uma em cada mil crianças teria perdido um dos pais. São consideradas nesse resultado pessoas com menos de 18 anos de idade.
Um dado chocante mostra que quase um quarto dessas crianças pode acabar sendo levadas para um orfanato ou para viver com um parente distante, já que quem que perderam para a Covid-19 era o único pai ou responsável que tinham.
Entre as mortes, os pesquisadores também mostraram que há uma diferença racial bem grande. Famílias negras e hispânicas aparecem o dobro de vezes nos resultados do que asiáticas e brancas. E os três bairros com maiores perdas são majoritariamente compostos por imigrantes e minorias.
Segundo os especialistas, essa disparidade acontece pois as pessoas negras têm maior probabilidade de não terem acesso à saúde no país, de trabalharem em funções essenciais e de usarem o transporte público.
Para esclarecer melhor essa comparação, o relatório garantiu que uma entre 600 crianças negras de Nova York perdeu um responsável, o mesmo valendo para uma em cada 700 hispânicas. Já a taxa para asiáticos revela que uma em cada 1400 e para os brancos, uma em cada 1500 perdeu um familiar para o vírus.
Outro número mostra que cerca de 325 mil crianças e adolescentes foram colocados em situações de pobreza por conta da desaceleração econômica causada durante esse período. Os efeitos da pandemia podem durar por muito tempo mesmo depois de uma vacina.
A análise estadunidense deixou um alerta para o impacto dessas mortes e a necessidade de apoio e assistência que o governo deve tomar nos próximos anos. “Perder um dos pais ou cuidador durante a infância aumenta o risco da criança desenvolver aspectos negativos ao longo da vida, incluindo uma pior saúde mental e física”, disse Suzanne Brundage, diretora da United Hospital Fund e co-autora da pesquisa.
“É importante não perdermos de vista os efeitos imediatos e a longo termo na pobreza infantil, saúde mental e bem-estar das crianças. Nós esperamos que essa análise forneça aos políticos e líderes comunitários os dados para ajudar a desenvolver estratégias e políticas necessárias”, completou Anthony Shih, presidente da organização.
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