Família

Casal transgênero recorre a inseminação feita em casa para ter filhos

Michael Priest

Publicado em 23/08/2018, às 06h47 por Nathália Martins


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Quando a equipe da revista Parents chegou no apartamento de Mitch e Heather Davis em Nova York, havia uma empolgação no ar. Owen, o filho de sete anos de idade, exibiu orgulhosamente um complexo cartão do Millennium Falcon embutido em seu beliche superior. E Nora, sua irmã de 5 anos, logo dirigiu a atenção para suas muitas bonecas e unhas da cor do arco-íris. Um gato grande reinava o sofá.

Mitch, 45, e Heather, 44, foram ótimos anfitriões enquanto faziam malabarismos no final de uma rotina matinal com seus filhos. Era o nono aniversário de casamento deles, que celebravam com pizza no parque, enquanto os pequenos gritavam e riam – atraindo sem querer o sorriso de seus colegas nova-iorquinos que estavam nos bancos ao redor.

Dez anos atrás, antes de se conhecerem, embora eles tenham tido uma conexão “incrível e mágica” instantaneamente, eles viviam em cidades diferentes. Mas em um ano, Mitch se mudou do Arizona para o apartamento de Heather em Nova York, antes de se casarem rapidamente. Depois da lua de mel na Grécia, a vontade de ter um bebê começou a aumentar, mas o casal tinha muito a considerar primeiro.

Isso porque quando eles se conheceram, Mitch estava nos primeiros estágios da transição de mulher para homem, um processo que ele completou enquanto morava com ela. Quando se casaram, Mitch era legalmente homem, mas o casal ainda sentia falta de uma parte importante para ter um bebê: o esperma.

É aí que entra o amigo de longa data de Heather, Chris. Os dois se conheceram quando moravam em Austin, Texas, anos atrás e tinham a piada de que, apesar de Chris ser gay, eles teriam um bebê juntos se nenhum dos dois conhecesse ninguém. “Então, quando começamos a pensar em ter filhos, eu imediatamente pensei em Chris”, explicou Heather. “Nós gostamos da ideia de ter um doador conhecido, alguém que poderia estar na vida de nosso filho e para mim, Chris foi apenas a escolha óbvia”.

Mitch concordou, apesar de lutar emocionalmente com o fato de que, embora tivesse feito a transição, ainda não conseguia ser o pai biológico. “Havia muita coisa que precisava ser resolvida e era um processo: definir como ter uma família para nós, tentar descobrir o que significava ser pai para mim”, explicou Mitch.

Heather, Mitch e Chris concordaram com uma inseminação feita por eles mesmos – que o casal admite que foi uma experiência um pouco estranha. Em termos simples, Chris colocou seu sêmen em um copo, que foi passado para Mitch. Mitch usou uma seringa de vidro para inserir o esperma em Heather. Este processo foi repetido várias vezes ao longo de quatro dias em seu apartamento. Embora esse método de fertilização seja ilegal sob os regulamentos da FDA, isso economizou muito tempo e dinheiro do casal. Além disso, incluiu Mitch no processo, dando-lhe um propósito importante na gravidez.

Apesar das apostas de Heather para Mitch que engravidar levaria tempo, duas semanas depois, no Dia dos Pais, Heather fez um teste de gravidez e deu positivo. Owen nasceu e o nome de Mitch estava na certidão de nascimento. Chris é agora conhecido como “Poppy” – nenhum título tradicional parecia apropriado para seu papel único, então eles criaram o seu próprio. Navegar na paternidade é difícil para qualquer um, mas Mitch se deparou com a dimensão adicional de descobrir o que significa ser um homem e um pai ao mesmo tempo. Dois anos depois, eles decidiram tentar outro bebê.

Para o segundo filho do casal, Mitch e Heather decidiram pedir ao marido de Chris, David, que doasse seu esperma. O casal não só achava que David era uma pessoa inteligente, carinhosa, artística e maravilhosa, como também era judeu, assim como Mitch – e levaria um pedaço dessa herança para um de seus filhos. Mitch também preferiu que seus dois filhos não compartilhassem o mesmo pai biológico. Dessa forma, seu próprio papel como pai não seria superado pela genética compartilhada. Quando Nora nasceu, David se tornou “Pippy” e a família foi completada.

Ao longo dos anos, Pippy e Poppy continuam a manter um forte relacionamento com a família por meio de telefonemas e vídeo-chamadas enquanto moram na Califórnia – uma dinâmica que funciona bem para todas as partes envolvidas.

Quanto a Heather e Mitch, eles continuam abertos e honestos com seus filhos sobre como eles vieram ao mundo. Há muitos cenários complicados que o casal espera no futuro, como quando Owen for mais velho, será que Mitch será o único a guiar seu filho durante a puberdade e outros marcos que ele mesmo nunca experimentou?

No que diz respeito ao dia a dia, eles são uma família americana típica e amorosa que nunca deixa de descobrir os momentos mais difíceis da vida juntos, como uma equipe.

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