Publicado em 11/06/2021, às 16h59 - Atualizado em 12/04/2023, às 14h26 por Cinthia Jardim
No próximo sábado, 12 de junho, é comemorado o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, data superimportante para falar sobre a condição, que é responsável pelas malformações mais frequentes no ser humano. É estimado que cerca de 1% dos recém-nascidos vivos sejam portadores.
Vale lembrar ainda que cerca de 30% das cardiopatias congênitas não irão trazer consequências para a saúde das crianças e adolescentes, sem precisar de nenhum tratamento ao longo da vida. Mas, é muito importante que a família tenha consciência sobre a condição e consulte sempre um médico especialista. Para tirar as principais dúvidas sobre o tema, conversamos com o Dr. José Cícero Stocco Guilhen, especialista em cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Segundo o especialista, é possível definir a condição como: “Cardiopatia congênita é a doença do coração que está presente desde o nascimento. Ou seja, não é uma enfermidade adquirida, ela se desenvolve junto com a formação do coração na vida intrauterina”.
A cardiopatia congênita pode ter sintomas variados, dependendo assim dos tipos e gravidades. Mas, é muito importante os pais ficarem de olho se o recém-nascido ou bebê apresentar:
Geralmente, nem todas as cardiopatias congênitas possuem causas bem definidas. “No entanto, hoje sabemos que a maioria se deve a alterações genéticas que ocorrem esporadicamente durante a formação do coração do feto na vida intrauterina”, comenta o médico.
Além disso, é possível correlacionar as cardiopatias congênitas à doenças crônicas ligadas a mãe, como a diabetes, que pode aumentar o risco de desenvolvimento dessa enfermidade no bebê, segundo o especialista. “Algumas doenças podem estar relacionadas ao uso de medicações, por exemplo, o uso de Lítio, que está associado ao desenvolvimento de doença de Ebstein na válvula tricúspide. Outra situação mais comum é a associação da cardiopatia congênita com alguma cromossomopatia, por exemplo, a Trissomia do 21 (Síndrome de Down) que está bastante relacionada à presença de doença no coração do bebê, assim como a Síndrome de Turner e a Síndrome de Edward, entre outras”.
Durante a gravidez, é possível que algumas condições aumentem o risco do bebê desenvolver cardiopatias congênitas. Algumas podem estar relacionadas à doença da mãe como Diabetes, Fenilcetonúria e o Lúpus Eritematoso Sistêmico. Outras podem estar associadas ao uso de alguma medicação pela gestante como o carbonato de Lítio, os anticonvulsivantes e os inibidores do ácido retinóico, entre outros. A presença de infecção na mulher durante a gestação também pode favorecer o surgimento da doença, como no caso da infecção materna por Rubéola”, explica o Dr. José Cícero Stocco Guilhen.
Felizmente, é possível que o paciente com cardiopatia congênita leve uma vida normal, frequentando a escola, realizando atividades físicas e recreativas como qualquer criança da mesma idade. Mas, o médico reforça a importância da família procurar um especialista para avaliar todas as condições: “Dependendo do tipo de cardiopatia e de sua gravidade a criança pode apresentar algum grau de restrição na sua capacidade funcional. Já em relação aos esportes competitivos, o paciente precisa passar por uma avaliação médica individual antes de iniciar uma atividade física.
Sim! Até mesmo os casos mais complexos de cardiopatia congênita possuem tratamentos específicos que podem melhorar (e muito!) a qualidade de vida do paciente. “Muitos deles vão precisar de tratamento cirúrgico no primeiro ano de vida, como nos casos de Comunicação Interventricular, Transposição das Grandes Artérias, Tetralogia de Fallot, Defeito do Septo Atrioventricular. Entretanto, alguns pacientes podem ter acompanhamento durante anos sem a necessidade de uma cirurgia como as pessoas com Comunicação Interatrial. Porém, dependendo dos sintomas apresentados, em algum momento, podem ser orientados a tomarem alguma medicação para controle”, conclui.
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