Publicado em 10/04/2021, às 09h16 - Atualizado às 09h28 por Camila Montino, filha de Erinaide e José
Mesmo com o aumento na compras das vacinas contra o coronavírus, pesquisadores ainda se questionam quanto tempo dura a imunidade produzida pela vacina. De acordo com especialistas ouvidos pelo G1, ainda não é possível dar uma resposta concreta, mas tudo indica que a imunização não será breve e, em um futuro cenário, a vacinação do vírus poderá ser anual.
Segundo o Rodrigo Stabeli, pesquisador titular e diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de São Paulo, o processo da vacinação ainda é muito recente, por isso, os cientistas não conseguiram observar todos os efeitos e a eficácia do imunizante a longo prazo. “A vacina surgiu em meio a uma emergência sanitária e ainda estamos aprendendo e observando o tempo de duração do efeito protetivo”, explica.
Carla Domingues, doutora em saúde pública com especialização na Universidade Johns Hopkins e na Universidade do Sul da Flórida, ambas nos EUA, ressalta que apenas ‘o tempo que vai dizer isso’. “É importante dizer que essa não é uma peculiaridade da vacina da Covid. É assim com todas [vacinas”, explica Domingues.
A doutora ainda cita um exemplo. “A vacina da meningite é o exemplo completo. Quando a vacina foi introduzida, nós também não tínhamos esses dados. São os estudos vindos com o tempo que vão nos dizer isso. Toda vacina passou por isso”, conta.
Os pesquisadores ainda não descartam a possibilidade de aplicar reforços da vacina para aumentar a imunidade do vírus e suas mutações. “Pode ser que a gente tenha que fazer um portfólio de vacinação anual, assim como fazemos com a gripe”, comenta Stabeli. “Isso significa que não conseguimos erradicar o vírus da Influenza – causador da gripe. Mas, com a vacina, podemos conter a disseminação da doença”, explica.
O pesquisador diz ainda que mesmo não sendo possível estimar a duração da imunidade, é preciso promover a imunização em grande escala para conter o avanço do vírus na população. “Há uma urgência dos cientistas brasileiros em promover a imunização de toda a população, sem distinção. Isso é necessário para que não haja novas linhagens do vírus que sejam imunes às vacinas já existentes” afirma Stabeli.
No Brasil a cobertura das aplicações das vacinas contra o covid-19 ainda é baixa, por isso, os especialistas avaliam que ainda não é o momento de abandonar as medidas de segurança sanitária. “Nesse momento, para evitar a circulação de novas cepas, precisamos diminuir a circulação do vírus. Isso só será possível com a vacinação rápida e elevada ou diminuindo aglomerações. Neste momento, como não temos vacina, a forma de evitarmos as mutações do vírus é evitando aglomerações”, diz Domingues.
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