Publicado em 26/02/2018, às 17h12 - Atualizado em 27/02/2018, às 14h50 por Redação Pais&Filhos
A primeira filha de Gregório Duvivier, Marieta, com a consultora de moda Giovanna Nader, nasceu em janeiro deste ano no Rio de Janeiro. E como a gente sabe, o ator é muito bom com as palavras e um texto da coluna que ele tem na Folha de S. Paulo e replicou no Instagram @familiaduvivier tocou nosso coração:
“Todo trabalho de grupo tem uma pessoa que trabalha mais. Nunca me dediquei tanto a nada na minha vida quanto à paternidade, mas, ainda assim, é preciso ser sincero. Por mais esforçado que seja o pai, nos primeiros meses de vida do bebê, somos como Chitãozinho, Sancho Pança, Robin, Pumba e aquele supergêmeo, coitado, que só sabe virar água, enquanto a irmã vira qualquer tipo de animal existente ou mitológico. Existe, na paternidade, uma grande desigualdade de superpoderes. A natureza é sábia, não sei se o homem aguentava essa pressão. Tudo o que o meu corpo produziu na vida inteira foi uma pedrinha de dois milímetros de ácido úrico. E até hoje reclamo da dor.
A mulher, sozinha, sem qualquer ajuda, faz um corpo inteiro: trilhões de células, diz o Google. E tudo isso, pasme, prestando atenção em outra coisa. Nunca vou me acostumar com isso: enquanto conversava comigo, a mãe da minha filha produziu um corpo inteiro dentro do corpo dela. Ao mesmo tempo em que tomava banho, trabalhava, assistia a séries, ela fez, como se nada fosse, braços, pernas, orelhas, olhos, pulmões, coração, fígado, estômago, bexiga, fez coisas que ela não sabe nem pra que é que servem, fez baço, pâncreas, vesícula, córnea. Da minha parte, tenho dificuldade em prestar atenção num filme enquanto faço um misto-quente. Imagina se eu tivesse que fazer um cérebro.
E não para por aí. Depois que o bebê nasce, a mãe ainda faz o leite. E ela não precisa ter estudado alquimia nem nutrição nem culinária: o leite que ela faz é perfeito e tem tudo de que o bebê precisa. E ela faz do próprio corpo uma lanchonete aberta 24 horas, um bandejão popular que produz uma seiva, até hoje, inimitável. Nesse processo todo, sobra pra gente o resto. Mas alto lá: a coadjuvância é, também, uma arte. Não vou dizer que é fácil. Chitãozinho sabe das dificuldades de se fazer segunda voz. Robin, coitado, precisa se humilhar numa vestimenta pra lá de ridícula.
No nosso caso, a coadjuvância envolve coisa pra caramba: amar profundamente, botar pra arrotar, trocar fralda, ninar, cantarolar, esterilizar, mas, sobretudo, lembrar todo dia que a mãe tá operando um milagre. Se dependesse de mim, tava ninando uma pedrinha de ácido úrico”.
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