Se observarmos uma criança relutante em compartilhar seus pertences, é fundamental compreender que até os 6 anos, essa atitude não é indicativa de egoísmo. Durante as brincadeiras, é comum que as crianças se apeguem aos seus brinquedos, reagindo negativamente quando outro indivíduo tenta usá-los. Ainda que os pais tentem ensinar o valor do compartilhamento, através de diálogos e exemplos práticos, a resistência pode persistir, manifestando-se por vezes em lágrimas.

Contudo, especialistas como Maria Irene Maluf, com vasta experiência em psicopedagogia e educação especial, afirmam que o aprendizado do compartilhamento é um processo gradual. As crianças começam a perceber a existência dos outros ao seu redor aproximadamente aos 5 anos de idade. Até então, seu entendimento do mundo é egocêntrico, focado exclusivamente em suas próprias necessidades e desejos.
A dificuldade em aceitar a ideia de compartilhar pode ser vista como um estágio natural no desenvolvimento infantil. “Ninguém nasce sabendo dividir aquilo que considera seu”, pontua Maluf. Por isso, é crucial que os pais persistam em seus esforços educativos, utilizando diálogos e atividades lúdicas que promovam a interação social e o entendimento mútuo entre as crianças.

Em situações de conflito por brinquedos, por exemplo, durante festas de aniversário, é mais produtivo orientar sobre comportamentos adequados do que repreender. As crianças ainda estão aprendendo conceitos sociais básicos e podem ficar confusas com punições severas. É importante transmitir a mensagem de que ao compartilhar, elas não apenas recebem seus itens de volta mas também têm a oportunidade de explorar novidades dos amigos.
O papel da família e da escola é indispensável nesse processo educativo. Ao oferecer exemplos positivos e diretrizes claras, os pais incentivam seus filhos a desenvolverem empatia e a considerarem perspectivas alheias. Além disso, a convivência entre irmãos oferece uma arena rica para exercitar o compartilhamento e resolver disputas por atenção parental de maneira justa.

Por volta dos 7 anos, muitas crianças começam a compartilhar mais naturalmente. Contudo, se a resistência persistir além dessa idade, é recomendável envolver toda a família em uma conversa aberta para identificar possíveis causas subjacentes. Afinal, compartilhar é uma competência social essencial que contribui para o desenvolvimento da maturidade emocional. Na dúvida, converse sempre com especialistas.