Criança

Menino de 9 anos morre no Recife após participar do desafio da Momo

Reprodução/Twitter

Publicado em 24/08/2018, às 08h06 - Atualizado em 08/02/2019, às 06h53 por Jennifer Detlinger


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Um menino de 9 anos morreu na última quinta-feira (16), no Recife, por influência de desafios de asfixia que circulam na internet, segundo sua mãe. Ele se enforcou no quintal de casa na última quarta-feira e faleceu na hora.

Os pais da criança e duas vizinhas foram ouvidos no Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e a polícia não descarta a hipótese da mãe. Segundo o jornal O Globo, a mãe do menino reclamou que o filho quase não dormiu na noite do dia 14 porque usou muito o celular. Pela manhã, ela retirou o aparelho dele e disse que só lhe devolveria no fim de semana. Mas naquela mesma noite, o menino se enforcou no quintal.

Em depoimento, a mãe contou foi que não percebeu nada de extraordinário no conteúdo acessado por ele pelo celular. Também comentou que uma sobrinha dela disse que rolava na internet desafios de asfixia. A mãe então, lembrou que Artur mostrou a ela a boneca Momo e disse “Olha, mãe, que boneca feia”.

Na Argentina, um caso parecido deixou pais de crianças e adolescentes em alerta no final de julho: a polícia começou a investigação sobre o suicídio de uma menina de 12 anos que recebia ameaças pelo WhatsApp de um contato identificado como Momo.

Saiba como alertar seu filho para não cair no perigoso desafio da Momo

Não é de hoje que esses tipos de desafios são espalhados pelas redes sociais. Em 2017, o “jogo da Baleia Azul” foi tão sério, que ficou associado diretamente com o aumento de casos de suicídio entre crianças e adolescentes, causando preocupação em famílias do mundo tudo.

Este novo desafio consiste em adicionar um contato com o suposto número do Momo e iniciar uma conversa. Com uma aparência aterrorizante, a imagem do Momo ficou famosa pelo aplicativo de conversas e vem causando curiosidade entre os internautas. Mas especialistas advertem que o desafio pode ser algo muito mais sério do que uma simples distração online.

Histórias compartilhadas por youtubers, por exemplo, que testaram o desafio, contam que “Momo” seria uma suposta entidade sobrenatural que fala a partir de um número específico pelo WhatsApp. Segundo os relatos, o número envia fotos e vídeos perturbadores, além de serem chantageados com informações pessoais e ameaças. Como toda lenda urbana, a história de Momo, claro, não é real. A imagem que está circulando trata-se apenas de uma escultura que pertence ao museu Vanilla Gallery, no distrito de Ginza, em Tóquio, no Japão.

Os riscos do jogo

À primeira vista, o Momo parece ser algo inofensivo, até que a pessoa por trás do número começa a fazer ameaças envolvendo os familiares das crianças usando informações pessoais, desafiando os jogadores a fazer coisas perigosas.

A Unidade de Investigação em Crimes Informáticos do estado de Tabasco, no México, lançou um alerta, informando que os participantes do desafio podem ser incitados ao suicídio, violência, sofrer assédio e se tornarem vítimas de roubo de informações pessoais.

Se você ou sua família for “vítima” do Momo, a recomendação de especialistas é bloquear imediatamente o número para que ele não entre mais em contato, seja por ligações ou pelo WhatsApp, já que sua privacidade pode estar em risco.

O que os pais podem fazer

Segundo o CyberHandbook, somente no Brasil, 62 milhões de pessoas foram vítimas de cibercrimes em 2017, o que representa 61% da população adulta com acesso à internet. Entre crianças e adolescentes, esse número aumenta: cerca de 80% dos pais não têm ideia dos conteúdos acessados pelos filhos diariamente na internet, o que os coloca em uma posição vulnerável.

Para Andrea Ramal, consultora em Educação, Doutora em Educação pela PUC-Rio e autora do livro Educação na Cibercultura, os pais precisam estar conectados e participar ativamente do mundo digital para conseguir monitorar a atuação dos próprios filhos nas redes sociais.

“Eles precisam se informar cada vez mais sobre as novas tecnologia e aprender a usar os dispositivos e mídias que os filhos dominam. Só assim, vão conseguir saber o que está acontecendo e agir de forma preventiva sempre que uma possível ameaça for detectada”.

Mas tudo deve ser feito com consciência, não vale entrar com uma postura de somente vigiar e controlar. É preciso construir um diálogo em família sobre o uso da internet, para que a criança ganhe autonomia e aprenda aos poucos o que pode ou não fazer nas redes. “Os pais devem se mostrar sempre receptivos a conversar e se interessar pelo ocorrido, sem sermões, mas buscando informações que possam elucidar o caso e confortar a criança”, aconselha Andrea.

De olho no seu filho

Para proteger sua família de desafios onlines desse tipo, que nada têm de brincadeira, é preciso observar comportamentos que fujam do normal, como alteração do humor, aumento da agressividade, tristeza, prostração ou emagrecimento. “A atenção deve ser redobrada com aqueles jovens que já apresentem tendência à depressão, que costumam ser especialmente atraídos por jogos prejudiciais”, aconselha Andrea.

Caso seu filho seja exposto a golpes e cibercrimes como esse, o melhor caminho é denunciar e registrar pelo número 181 ou diretamente em uma delegacia. “Para contribuir com o trabalho das autoridades, é indicado que os pais consigam uma imagem da página, que pode também ser impressa, registrem as conversas e armazenem todas as informações que possam contribuir para o esclarecimento do caso. Também vale entregar computadores e aparelhos celulares para que sejam realizadas perícias e os criminosos possam ser encontrados e punidos”, explica Andrea.

Além disso é muito importante procurar a escola, conversar com o diretor, psicopedagogo ou psicólogo, e com os professores que acompanham a criança, para avaliar a situação como um todo, a partir de diferentes pontos de vista. “É necessário incentivar, na escola e em casa, o questionamento sobre as razões e consequências de atos e escolhas, e refletir sobre valores. Esses desafios online, e outros tipos de riscos do uso da internet, precisam ser debatidos de forma transparente entre professores, pais e alunos”, aconselha a especialista.

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Palavras-chave
Comportamento Notícias Criança bullying

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