Publicado em 21/05/2021, às 09h46 - Atualizado em 25/05/2021, às 12h08 por Cinthia Jardim
Também conhecida como cefaleia, as dores de cabeça nas crianças são uma preocupação imensa para qualquer pai ou mãe. Podendo ter diversos graus de intensidade, sintomas, causas e durações, o problema não deve ser deixado de lado precisa ser tratado o quanto antes.
Além do desconforto, a dor de cabeça pode atrapalhar nas atividades do dia a dia e até mesmo no rendimento escolar do seu filho. Por isso, conversamos com a neurocirurgiã do Hospital San Gennaro, Dra. Tatiana Vilasboas, que deu dicas de ouro para lidar com a situação e prevenir que as crises aconteçam.
A cefaleia, de acordo com a especialista, é o termo médico usado para identificar a dor de cabeça. Ao todo, existem mais de 150 tipos diferentes deste problema, que é diagnosticado a partir de sua origem e também causa da dor. De maneira geral, ela pode ser definida como uma condição bastante comum, provocando uma dor aguda na cabeça, acompanhada ou não de outros sintomas.
Apesar de existirem diversos tipos de dor de cabeça ou cefaleia, a neurocirurgiã citou seis condições que podem acontecer em qualquer fase da vida. São eles:
Também conhecida como migrânea, a enxaqueca pode acontecer em qualquer idade. “Ocorre com maior frequência em adolescentes ou adultos jovens que possuem predisposição genética. É uma doença multifatorial e já foram estabelecidos alguns gatilhos como jejum prolongado, estresse, irregularidade do sono, alguns alimentos como vinho, açúcar, chocolate, etc. Os pacientes podem descobrir qual ou quais os gatilhos que podem ter influência sobre eles. A dor pode ou não ser acompanhada por outros sintomas como náuseas, vômito, alterações visuais, fotofonofobia (hipersensibilidade ao barulho ou à luz). Além disso, a enxaqueca pode ou não ser precedida por aura, um sinal ou sintoma que precede a crise de dor”, explica.
O primeiro passo para prevenir o problema, é procurando um neurologista que irá passar o diagnóstico correto aos pais. Sabendo das causas que desencadeiam o problema, pode ser recomendado ter hábitos de vida mais saudáveis, como uma alimentação balanceada e também atividades físicas regulares, pois ajudam no tratamento de quase todos os tipos de dores de cabeça, de acordo com a Dra. Tatiana Vilasboas.
Geralmente, o diagnóstico para o problema é feito a partir de uma investigação sobe o tipo de dor, analisando se ela é pulsátil, latejante, constritiva, em preso, entre outras. Em seguida, é pensado em sua localização, se acontece em toda a cabeça, apenas de um lado, na nuca, atrás dos olhos. Depois, é conversado sobre a frequência dessa dor, estabelecendo se ela tem um início súbito ou não. “A dor que começa muito forte de início súbito gera uma preocupação com necessidade de investigação imediata (pode se tratar de um sangramento na cabeça secundário a um aneurisma, uma MAV, um cavernoma, ou mesmo um tumor que sangrou)”, comenta.
Quanto aos exames físicos, eles são responsáveis por “ajudar a descobrir se tem um membro ‘mais fraco’, algum déficit motor, se as pupilas e pares cranianos estão funcionando adequadamente, se existe rigidez de nuca, ou outro sinal de alerta. Estes dados nos darão pistas para saber se precisamos de algum exame laboratorial ou exames de imagem como ressonância, ou tomografia”.
Apesar de ser muito importante procurar um neurologista se as dores forem recorrentes, nos momentos em que a dor de cabeça é esporádica, os pais podem ajudar os filhos com alguns hábitos. São eles:
Apesar do problema acontecer, as dores de cabeça são menos frequentes nas crianças. Mas, nesta faixa etária, pode ocorrer uma sintomatização de problemas emocionais, que manifestam a condição. “Inclusive, pode ser sinal de alerta para abuso físico, sexual ou psicológico. Pode ser também um sinal de dificuldade em lidar com uma situação nova, como a perda de um ente querido, a separação dos pais, mudança de escola, etc. Porém, precisamos sempre afastar as causas físicas primeiro”.
Muitas vezes, segundo a neurologista, o problema pode ser resolvido com “um par de óculos, fisioterapia para corrigir desvios da coluna vertebral, redução do tempo em frente às telas, diagnosticar e tratar alterações endocrinológicas. Em outro extremo, podem necessitar de uma intervenção neurocirúrgica, como a colocação de uma válvula ou retirada de um tumor. Contudo, o diagnóstico e o tratamento correto são imprescindíveis para o sucesso e melhora da qualidade de vida”.
Geralmente, a criança não nasce com cefaleia, mas pode ser a condição devido um tumor já existente. “Ou mesmo apresentar um sangramento intraventricular da prematuridade que pode levar à hidrocefalia e cefaleia. Pode nascer com a predisposição genética para migrânea ou enxaqueca. Em outros casos pode desenvolver a cefaleia ao longo dos anos secundária a uma má postura, maus hábitos de sono, perda da acuidade visual, entre outros”.
Os episódios de dor de cabeça podem afetar (e muito!) a qualidade de vida da criança e não deve ser ignorada. Por isso, o principal ponto para o início do tratamento, que pode ser feito com mudança da hábitos, medicamentos, fisioterapia, ou uso de óculos, é o diagnóstico correto para o problema. “É importante procurar a causa da dor, entender porque está doendo. Essa é a pergunta chave para solucionar e começar a tratar o problema”.
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