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Publicado em 23/06/2013, às 21h00 por Cecilia Troiano


Até algum tempo atrás, responder a um telefonema no dia seguinte ao recebimento do recado era considerado um retorno rápido e aceitável. Hoje, em tempos de hipervelocidade, demorar mais do que duas horas para responder a um email é quase um pecado. Velocidade passou a ser a medida do sucesso. “Real time” é a ordem do dia e tudo gira em torno desse ritmo frenético.  Produtos são vendidos com a promessa de economia de tempo, as propagandas exaltam ofertas relâmpago, os serviços de delivery disputam quem faz entregas no menor prazo e o “ fast track” dá a tônica da vida. 

Nossas vidas não ficam imunes a esse ritmo. Vivemos em casas equipadas, com produtos modernos, muitos deles que compramos com a ilusão de economizarmos tempo.  Nessa lista de compras incluímos macarrão que fica pronto em menos de 3 minutos, iPads que trazem aplicativos com acesso direto às lojas preferidas, TVs que gravam para vermos depois, quando der tempo! Sem falar na banda larga que antes parecia tão rápida e agora já nos vemos impacientes com sua lentidão em alguns dias. Pensar que já tivemos que nos conectar a internet via “dial up” parece hoje um pesadelo pré histórico. 

Vivemos uma era guiada pelos cronômetros, nossos relógios ficaram obsoletos mostrando as horas, longas horas num mundo que pede a velocidade dos segundos. Muitas vezes me vejo ansiosa “esperando” a inicialização do computador ou à espera da abertura de uma página na web.  Em geral, nessa era em que vivemos, tudo parece mais lento do que gostaríamos. 

Ufa! Já me canso só de relatar quão refém dessa velocidade estamos nos tornando. É inevitável “gastarmos” um tempo para refletir sobre como esse ritmo intenso está afetando nossas vidas e de nossas famílias. Será que conseguiremos, no meio de tudo isso, dar um “pause” nessa corrida maluca e curtir nossos filhos? Andar pelo lago sem olhar  para o relógio? Sair com o marido sem hora para voltar? Curtir um jantar em família, em volta da mesa, sem a pressão do tempo para levantar correndo e checar o Facebook? Nossa, ainda temos mais isso para consumir nosso tempo!

Muitas vezes me pego acelerada e mal conseguindo ter prazer em coisas pequenas do meu dia a dia. Que pena, não deveria ser assim, certo? Será que com essa fúria do acelerador vai dar tempo de curtir a vida ou vamos ser espectadores de nossa história, vendo-a passar rapidamente, como se olhassemos pela janela de um trem a 200 km/hora?

Também sou refém do tempo, equilibrando muitos pratinhos e creio que exatamente por isso acho que essa reflexão é urgente. Muitas vezes nossas vidas de equilibristas ganham ares de gincana, com sucessivas provas, numa corrida sem fim. Torna-se fundamental abrirmos espaço para essa reflexão, afinal, nada mais verdadeiro que o ditado: “a vida é uma só”.  Certamente pensar e discutir esse tema é um primeiro passo para uma vida melhor, para nós e para nossas famílias. E para isso não pode faltar tempo!


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