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Salvem as mães equilibristas!

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Publicado em 11/05/2016, às 15h07 - Atualizado às 16h29 por Cecilia Troiano


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Quantas e quantas vezes não somos impactados por mensagens que pregam a proteção de algumas espécies ou de alguma população que corre o risco de extinção? Salvem as baleias! Preservem a Mata Atlântica! Protejam o mico-leão dourado! Preservem as tribos indígenas! Todos esses movimentos são muito importantes, claro. Afinal, queremos que nossos futuros sejam uma continuidade do presente, que nossos filhos e netos possam viver num mundo de riquezas naturais, diversidade social e abundância cultural. Há um sentido duplo nesse clamor por preservação.

Por um lado, há uma busca mais altruísta, de querer ver o “outro” bem, brigamos pela sobrevivência do planeta, pela melhoria de vida dos mais vulneráveis, pela conquista de direitos de povos que vivem em condições precárias. Por outro lado, temos nesse clamor por proteção um olhar menos romântico e mais egoísta. Nossa própria sobrevivência depende de termos um planeta saudável e próspero para nos receber (ou receber nossos filhos e netos) no futuro.

Mas o que tudo isso tem a ver com as mães? O que mães têm em comum com micos-leão-dourado? Quando pensamos nas mães que conciliam vida familiar com uma vida profissional, tudo a ver! Como assim? Calma, vou explicar.

Não é raro vermos mães abandonarem suas carreiras, num movimento internacionalmente conhecido como “opt out”. Pressionadas por uma rotina de trabalho que exige longos turnos, viagens, trabalhos no final de semana e grandes sacrifícios da vida pessoal, muitas mães abrem mão da carreira e pulam fora. Isso é o “opt out”.

Uma saída mais forçada do que planejada. Elas são praticamente “ejetadas” do mercado de trabalho porque se veem incapacitadas para gerenciar suas vidas de equilibristas. Seja porque sentem que suas famílias estão descobertas por sua dedicação ao trabalho fora de casa, seja porque sentem que não são tão boas profissionais porque suas cabeças estão divididas entre casa e trabalho. De um jeito ou de outro, muitas mulheres ao se tornarem mães abandonam o mercado de trabalho.

É ai que a coisa começa a se aproximar, que mães equilibristas assim como os micos, baleias e florestas precisam ser preservadas. Já temos o movimento que salvam as baleias, os que preservam as florestas e os que olham pela sobrevivência das tribos indígenas brasileiras. Mas quem é que está olhando, cuidando e se preocupando com as mães que trabalham fora e estão largando suas carreiras? Quem está salvando as mães equilibristas? Quem está apoiando e evitando a extinção das mães nos cargos de liderança dentro das empresas?

É hora das empresas criarem políticas estruturadas para incentivar mães a seguirem no mercado de trabalho. Considerar mais vezes o home office, flexibilizar e adaptar horários. Se isso não for feito, mais e mais vezes vamos ver esse êxodo de mulheres deixando seus projetos profissionais de lado e voltando ao lar. Perdem as mulheres, perdem as empresas e perde a sociedade. Acho até mesmo que as famílias perdem, mesmo com uma mãe mais presente em casa.

Esse movimento, de volta ao lar, se por um lado pode ser um projeto também positivo, nem sempre reflete o que as mulheres buscam hoje. Voltar para casa não pode ser fruto de uma pressão. Deveria ser, de verdade, uma opção daquelas mulheres que espontaneamente decidem dar um tempo na carreira. Mas hoje, grande parte das mulheres que fazem esse movimento, o fazem pela pressão, pela incapacidade de conciliação, pelo sentimento de culpa em relação à família.

Precisamos pressionar as empresas e governos para criarem políticas que estimulem esse gerenciamento mais satisfatório da vida de equilibrista. Mais creches ou berçários públicos ou financiados pelas empresas. Mais políticas empresariais. Mais maridos e companheiros que dividam de verdade as tarefas da casa. Precisamos urgentemente lançar a campanha: salvem as mães que trabalham fora! Salvem as mães equilibristas!

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Palavras-chave
Comportamento

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