Publicado em 18/07/2021, às 14h16 por Thiago Queiroz
Eu gostaria de começar essa coluna com essa pergunta bem direta: quem recebe a sua melhor versão, seus filhos ou amigos? É provável que você diga: “Com certeza, meus filhos!”. Mas será mesmo? Vamos fazer uma brincadeira rápida de imaginação? Você está passeando com o seu amigo em um shopping qualquer e, enquanto andam pelos corredores e inúmeras vitrines, conversam sobre a vida.
Se você estivesse passando por um dia ruim e, por exemplo, ficou muito abalado, porque teve que ouvir alguns desaforos do seu chefe no trabalho. Com isso, você estaria muito irritado e sem paciência com nada. De uma forma geral, você descontaria isso no seu amigo, sendo grosseiro sem motivo aparente, ou faria o maior esforço para que o seu amigo não percebesse nada de errado?
Talvez, dependendo do nível de intimidade com o seu amigo, você até falaria dos seus problemas, mas descontar nele? Jamais. E se você não estivesse com o seu amigo, mas com o seu filho? Você certamente não seria tão cuidadoso assim. No máximo, pediria desculpas depois do passeio, dizendo que você estava muito irritado, e que o seu filho não colaborou.
Em seguida, você e seu amigo entram em uma loja de celulares para ver as novidades, sem nenhuma intenção de comprar um telefone novo. Quando está prestes a sair da loja, percebe que o seu amigo continua olhando os telefones. Você o chama, mas ele continua olhando fixamente para um modelo específico de telefone. É bem evidente que ele deseja muito aquele aparelho. Você lembra a ele que vocês ainda têm muitas coisas para fazer: tomar um café especial e ainda passar no banco. Mesmo assim, seu amigo ignora você.
Já irritado, você avisa que vocês não têm muito tempo, e que logo precisará voltar para casa. Então, seu amigo começa a chorar descontroladamente. Ele grita, treme e chora de uma forma que você nunca viu. Você até tenta conversar com ele, mas ele não escuta e continua chorando. Todas as pessoas olham para vocês com espanto.
O que você faria com seu amigo? Ameaçaria colocá-lo de castigo? Daria umas boas palmadas? Gritaria? Ou tentaria confortá-lo e abraçá-lo, tentando descobrir o que poderia tê-lo deixado daquela forma? A resposta é óbvia, né? Mas e se fosse o seu filho? Você teria tanta empatia assim?
Essa é uma reflexão urgente para todos nós. E gostaria de deixar você com mais duas perguntas que estão sempre rodeando a minha cabeça: se você falasse com os seus amigos da mesma forma que fala com os seus filhos, você ainda teria amigos? O que impede você de ser tão gentil com seus filhos como é para seus amigos?
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