Colunas / Se eu pudesse eu gritava

Sobre o sofrimento e a pilantragem

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Publicado em 30/08/2017, às 13h24 por Tatiana Schunck


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Um tombo. Caio num leve micrésimo de segundo num lago profundo, escuro e lamacento, rodeado por todas as infelicidades da amargura do viver… Quando estou neste escorrego por dentro do meu ser que se sente despido, miro seu olhar de canto e vejo uma safadeza descarada, mas comportada. Piscando e quase dizendo não com a cabeça, o menino sabe que provocou algo significativo, mas tão logo percebe o meu percebe-lo.

Eu pergunto, ainda desconfiada dele saber mais que a vida: “é filho?” “É, mãe, você é muito brava”. Ah, tá. Fico um tempo no tapete, ainda sentada na mesma posição de antes, fingindo que o celular não está tão perto assim, para que ele não me repreenda pela minha falta de tempo para com ele, nem pela minha necessidade de usar o celular. Além disso, fico muito curiosa em saber de onde vem essa frase tão afirmativa. “Você nunca vai ser feliz”.

“Filho, você lembra que combinamos que você me ajudaria a ficar menos brava e eu te ajudaria a ficar menos bravo também?” Depois de alguns nãos com a cabeça, feitos longa e lentamente: “é mãe, mas não tem jeito”. Quero rir num riso meio soluço misto de alegria e confusão. Mantenho.

“Nem se colocarmos a mão no coração para acalmar?” Ele simplesmente repete o não com a cabeça bem devagar. Não me olha diretamente nos olhos porque sabe que eu sei que um tanto da sua fala é pura pilantragem com essa reles mãe. O dó desta. Silêncio.

O moleque safado fala que vai pensar um pouco. Num tom de voz, daquele que a gente deseja que eles façam quase sempre, no mundo ideal dos filhos e mães e pais ideias. Um tom calmo, consciente, tranquilo e amoroso.

Quando vai se deitar para dormir repete uma expressão quase inenarrável, mas que aponta um domínio público sobre a mãe, um sorriso tênue de quem se sente amado o suficiente para confiar em si.

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