Publicado em 05/05/2014, às 21h00 por Tatiana Schunck
Ontem tivemos a primeira reunião na escola do nosso filho com toda a equipe de especialistas. Poderíamos até dizer com toda a equipe artística. Entramos num espaço lúdico, que a própria concretude da escola oferece, mas com algo a mais: algo de simbólico que determinou a atmosfera da reunião. Um monte de pais e mães juntos, ansiosos, contentes, cansados – já que a reunião foi de noite. Mas todos lá, abertos ao contato.
Cantamos, dançamos, sorrimos, tocamos uns nos outros. Aí, eu pensei: nossa, é uma atividade para os pais… Isso eu nem imaginava, esperava me sentar numa cadeira e ouvir. Firme e forte para não dormir. Durante as horas que lá permaneci, vi rostos desconhecidos. Brinquei de imaginar quem era o pai de quem, quem era a mãe de quem. Os pais de todas aquelas crianças que cruzamos todos os dias, mas que não sabemos de onde vieram…
A fala dos educadores era de uma clareza tocante, inspiradora e simples. Cheia de exemplos possíveis de perceber, cheia de experimentações de pessoas reais como eu, que também sou educadora. E mais, cheia de verdade naquilo que não é garantido, nem pronto, mas cheio de arestas, dúvidas, desafios e tentativas e descobertas que colocam a criança como fonte reveladora de mistérios.
Depois de me sentir tão bem, esclarecendo princípios que norteiam a vida, o dia a dia do meu filhote na escola, fiquei emocionada. Fiquei contente. Fiquei mais leve em aliviar alguma culpa no que diz respeito a “escolarizar” meu filho. Aquele era um espaço cheio de proposição criativa. Não pretendo me desviar de possíveis críticas, discordâncias, apreciações – mas é bonito demais ver gente com prazer trabalhando com criança. O que mais ficou no ar, nas conversas, nos olhos da equipe que está com meu filho é o prazer de estar ali. E não como ideia de gente, mas gente de verdade, com destino incerto.
Depois ainda, vimos um vídeo dos moleques. Como falar dessa sensação de ver seu filho visto por outros olhos, capturado em instantes que não são seus? A gente cresce nessa abertura e certa “permissão” doadora do seu filho no mundo segurando em outras mãos – que não são suas. Eu o imaginei, o percebi em seus estados de apreensão, de dúvida, de gosto, de descoberta, de liberdade de pai e mãe. Caramba!Voltei para casa com a sensação de ter visto uma peça de teatro muito bonita, sensível e tocante. Daquelas que não dá para comentar tão logo a experiência acaba. Saí de lá recheada de sentimento. Acho que eu cresci, fiquei maior de tamanho. Sabe aquela sensação que a gente tem, quando é criança e de que cresceu, assim, de repente? Uma experiência estética. O filósofo e professor John Dewey nos diz que para que uma atividade seja artística, ela deverá ser também estética, deverá ser moldada para uma percepção receptiva amorosa.
Bonito. Justo. Entusiasmante. Dá para ver meu osso crescendo daqui. Ó!
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