Colunas / Minha vida nada Down

Palavras da vida

Arquivo pessoal

Publicado em 04/02/2016, às 09h44 por Ivelise Giarolla


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“Filha amada,

Lembro-me até da roupa que eu estava no dia em que o seu ultrassom deu alterado. Coloquei aquela calça nova que havia comprado e estava me sentindo a mãe mais linda do mundo. De repente a notícia que nunca imaginei que escutaria: um exame com possibilidade de síndrome de Down. Saí do consultório, vi todas aquelas grávidas felizes e eu me achando a pessoa mais incapaz, arrasada e com uma roupa nova que de nada mais valia. Deixei a calça de lado, na realidade, bem escondida no armário.

Mas, as coisas mudaram. Resolvi, após a confirmação do diagnóstico, continuar me sentindo a mãe mais maravilhosa, pois na minha barriga estava você, uma pessoinha, um coraçãozinho que batia forte, que se mexia demais e que me fazia muito feliz. Usei muito a calça, virou um símbolo, outro significado: amor além das barreiras.

(Foto: Silvia Soldi)

É minha filha, já se passaram três anos. Você veio como tinha que vir e como tinha que ser: com síndrome de Down e completou nossa família. Foi a peça que faltava! E nossa felicidade só aumenta a cada dia. Cada segundo seu vivido é uma lição. Cada sorriso… Ah! Esse seu sorriso… Deixa a gente com cara de bobo.

Três anos heim, filha? Passou muito rápido! Quantas conquistas! Você começou a andar, correr e agora só quer fazer estripulias com sua irmã, deixando sua mãe maluca! Aprendeu subir, descer escadas, escorregar. Aprendeu pegar direitinho o lápis e desenhar. Seus desenhos são para muitos ainda sem nexo, mas para essa sua mãe, todos significados do mundo. Brinca com todos amiguinhos da escola, todos juntos e misturados.

Dançou quadrilha na festa junina. Arrisca um balé com a irmã no meio da sala. Adora uma tecnologia: Ipad. Sabe ligar e escolher certeira os vídeos que quer. Ama música, desde palavra cantada até moda de viola (Inezita Barroso que nos aguarde). Começou a falar, timidamente, mas já embala a boneca cantando nana neném. Chora como qualquer criança e para com o dengo da mãe (como é bom esse colinho acolhedor).Come sozinha já sem babador e de garfo. Lembra quando me perguntaram se você um dia comeria de garfo? Eis a resposta! Faz sujeira, claro, mas você só tem três anos, né filha?

Desenho respeitando espaço e sem misturar as cores (Foto: Arquivo pessoal)

O tempo passou. Sua mãe aprendeu muito com você. Chorei algumas vezes escondido pelas minhas frustrações de achar que você não seria capaz. Peço desculpas, jamais deveria ter te limitado, pensando que não conseguiria determinada tarefa. E se não conseguir algo um dia? Somos felizes, o que importa.

Você me ensinou a não valorizar grandiosidades. A simples letra “e” do mama-ê, que saiu da sua boca na véspera do Natal, enquanto eu me arrumava chorando para ir para o plantão deixando vocês em casa, me fez voltar a sorrir e entender alguns significados perdidos. Sim, chorei depois naquela noite, por ver pessoas que não tinham o que eu deixei temporariamente para trabalhar: minha família.

Não vivemos essa síndrome, ela é um mero detalhe. Ela nos dá uma agenda cheia de compromissos médicos, terapias e reuniões. Mas que incorporaram nossas vidas e a cada consulta, cada elogio e evoluções, faz valer por tudo. Não reclamo e não mudaria absolutamente nada.

Lorena e Marina, filhas queridas, vocês são o meu tudo e fazem toda a diferença em minha vida! Sou eternamente grata por ter a missão de ser mãe de duas pitucas lindas!

Parabéns florzinha, mais um ano de vida. Seja feliz e brinque muito. Estarei sempre aqui te apoiando e aplaudindo.

Amo-te até o infinito!

Beijos,

Mamãe”

(Foto: Arquivo pessoal)

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