Publicado em 12/12/2022, às 08h14 por Mayra Gaiato
Ter altas habilidades e superdotação (AHSD) significa ter uma maneira diferente de ser inteligente. As pessoas com altas habilidades apresentam:
São ávidos consumidores do conhecimento, mas nem sempre isso se traduz em bom desempenho na escola, pois as altas habilidades podem aparecer em áreas que não necessariamente são ligadas ao conteúdo acadêmico, como área ligadas aos esportes, artes, música, entre outras. Porém, essa excepcionalidade, somada ao autismo, pode apresentar algumas divergências devido às diferenças estão na tríade que define o TEA:
1. Socialização: superdotados sem autismo podem ter excelentes habilidades sociais, pensamento abstrato e teoria da mente bem desenvolvida. Já os autistas com altas habilidades podem não ter as mesmas características sociais.
2. Comunicação: superdotados sem autismo possuem uma excelente capacidade de comunicação, fazendo uso de sua alta habilidade socioemocional; sabem que é importante falar e ouvir. A fala, em geral, é expressiva e eloquente. Fazem uso de metáforas e analogias com facilidade. Autistas com altas habilidades podem ter um alto nível de linguagem gramatical, porém, dificuldade em ouvir o outro; a fala em geral é “pedante”, com alguma entonação atípica. Podem ter dificuldade no uso de metáforas e ironia, precisando de mais tempo para processar as figuras de linguagem, fazendo uso da sua alta cognição.
3. Comportamento: crianças superdotadas sem autismo percebem rapidamente como se comportar, usando linguagem corporal e alta velocidade de pensamento. Autistas com altas habilidades costumam ter apego a rotinas e a terem estereotipias; também podem precisar de mais tempo para expressar, verbalmente, o pensamento.
A avaliação neuropsicológica qualitativa pode, juntamente com uma equipe multidisciplinar, detectar essas condições através da observação da rotina da criança e uma bateria de testes psicométricos. A dupla excepcionalidade – autismo e altas habilidades – é uma condição que requer melhores e mais aprofundados estudos, pois ainda há muita divergência nos critérios diagnósticos.
É necessário também maior envolvimento de equipes multidisciplinares e interdisciplinares, para que se evitem juízos distorcidos e prematuros, pois o não adequado entendimento sobre esse fenômeno pode acarretar prejuízos para os sujeitos acometidos, além de promover a exclusão social.
A falta de políticas públicas direcionadas ao atendimento de estudantes com dupla excepcionalidade pode trazer resultados drásticos para estes, tais como: desmotivação, isolamento social e abandono escolar. E é em favor dessa minoria da população negligenciada muitas vezes excluída e mantida invisível, enquadrada na grande categoria da educação especial que deve-se enfatizar o olhar dos pesquisadores e profissionais que atuem na área.
*colaboração de pesquisa: Marina Zotesso
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