Publicado em 10/04/2017, às 14h41 por Mariana Kotscho
Meu marido leva as crianças para a escola (e são 3!) e vai buscar. Leva uma pro dentista, enquanto estou com outro na natação.
Meu marido sai às pressas com o caçula para comprar o presente de aniversário do amigo (que a mamãe esqueceu de comprar).
Meu marido se preocupa com a alimentação das crianças. Doce? Só fim de semana.
Meu marido vai a todas as reuniões da escola, participa, sabe o nome dos professores. Conhece os amigos das crianças mais do que eu.
Meu marido ajuda com a lição de casa. Quando eu estou com uma vendo a matemática, ele está com a outra vendo o português.
Meu marido até coloca as crianças para dormir. Afinal, lembrando, são 3. Sozinha seria difícil dar conta.
Meu marido também é mediador de conflitos. Ele negocia com as crianças com uma calma que só ele tem – e nem levanta a voz.
Meu marido não dá broncas. Mesmo assim, consegue mostrar o que é certo e errado e impor limites.
Ah, meu marido também se preocupa com excessos de celular e joguinhos.
Meu marido só não me ajudou a trocar fraldas.
É porque quando meus filhos usavam fraldas, meu marido não os conhecia.
Ele não é o pai das crianças. É o padrasto. E me mostra a cada dia que amor é algo que se constrói com paciência, respeito, sinceridade e sabedoria (palavrinhas tão esquecidas ultimamente).
Eu falo “obrigada” ao meu marido, mas costumo dizer no Programa Papo de Mãe (que apresento aos sábados, 8h, na TV Cultura, com Roberta Manreza) que as mulheres casadas com os pais de seus filhos não devem dizer obrigada aos maridos quando eles realizam as tarefas da casa ou em relação aos filhos.
Se a mãe diz obrigada ao pai quando ele faz algo, acaba trazendo para si toda a obrigação em relação aos filhos e coloca o marido como alguém que faz um “favor” a ela – sendo que os filhos são dos dois. As responsabilidades são as mesmas.
E no lugar de dizer “ele me ajuda”, me parece melhor dizer “nós dividimos igualmente”. O pai não está ali para ajudar, mas para ter os mesmos direitos e deveres das mães. Isso mostra a transformação que vive nossa sociedade e cada palavra, quando bem colocada, faz toda a diferença. Claro que todos podem ser “agradecidos” e podem “se ajudar” – tendo como objetivo esta igualdade e o bem das crianças. E todos saem ganhando com isso: filhos, pais, mães, madrastas e padrastos.
Meu marido não teve filhos. Mas agora os tem. E demonstra a cada dia que o instinto paterno pode existir em qualquer homem.
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