Colunas / Mãe em suficiente

Será que você é quem não tem exigido demais dela?

Publicado em 16/10/2018, às 13h25 por Ana Guedes


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Freud falava em tornar consciente o inconsciente. Dada ao pé da letra esta expressão é completamente impossível é incoerente. Não podemos ter plenos saberes de nossos sentir a todo momento, isso implicaria em tentar controlar o que existe de mais essencial em nós:

A alma humana. Ou, o inconsciente.

Ora visível ora invisível.

Dependendo de nosso desejos de tornarmo-nos quem somos e aceitar o que sentimos.

Não fazer sentindo é não querer sentir.

E aqui chego onde quero chegar.

Não podemos exigir de nossas crianças que não gritem. Se gritamos com elas sem perceber.

Desejar que tenham amigos. Se criticamos tudo e todos a todo tempo.

Que desliguem seus celulares se não desligamos os nossos.

E o mais triste:

Que vão brincar!

Se nós mesmos já não brincamos nem conosco nem com elas.

Um dia um amigo querido, logo no meio do puerpério do Pedro me disse a seguinte frase (que deve ser entendida com parcimônia do exemplo e não da culpa):

– Os pais são como aeromoças. Se elas estão tensas acreditamos que o avião vai cair. Se estão alegres e tem vontade de nos atender temos a sensação de que a viagem será segura.

Ninguém está sempre alegre e disposto a atender é verdade.

Mas também é verdade que isto não tem mal algum desde que “saibamos disso“ ou seja, sem culpa, tornemos consciente o que sentimos, e com responsabilidade por nosso sentir possamos assumir algo tão natural á nos e logo ao entendimento da criança, que, por já ter nascido melhor que nos entende e aceita as humanidades e limitações que lhe são impostas em tenra idade, para si e para o outro, muito mais fácil que imaginamos.

Nós não.

Nos culpamos pelo que sentimos.

Não aceitamos nossas vontades.

Acreditamos no certo e no errado como tarefa educativa crucial.

Nos forçamos a ser como acreditamos que devemos ser.

Devemos. Por vezes uma vida toda.

E sem perceber por não querer admitir quem somos cobramos que todos devam isso ou aquilo.

Deve se desligar o celular nas refeições.

Mas nós ligamos os nossos.

Deve se cumprimentar os adultos.

Mas não damos bom dia ao porteiro que nada tem a ver com nosso estado de humor.

Deve se uma porção de coisas que nos forçamos a pagar em delírio de controle do medo de sermos quem somos.

E a conta para no colo de nossas crianças.

Pois não querer saber de nós é não querer saber delas.

E de ninguém.

Só pode cuidar e ouvir o outro quem cuida de sí, quem a sí próprio escuta, e quem não desaprendeu a brincar consigo mesmo.

Pois brincar é não dever nada a ninguém.

E respeitar o melhor que existe em nós.

Termino com a ajuda de Clarice Lispector, mãe de Pedro e Paulo:

Clarice recebe um telefonema em seu apartamento no Leme, aflita, a amiga desabafa:

– Acho que a vida tem exigido demais de mim.

Clarice carinhosamente pergunta:

-Será que você é que não tem exigido demais dela?

Leia também:

Pedro e a alma humana

Escute. Não ouça

Eu fico triste


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