Publicado em 21/12/2023, às 16h36 - Atualizado às 16h36 por Patricia Broggi
Escrevo esta coluna sobre como ensinar o valor do dinheiro aos filhos há alguns anos. Não sou economista. Nem sei investir meu dinheiro em bolsa ou aplicações. Sou do tipo cauteloso e sem graça nos meus investimentos.
Fui escolhida para falar a respeito pelo meu pão-durismo, porque sempre fiz orçamento, criei metas, aprendi a viver (e bem) com o dinheiro que tinha disponível no momento. Tive ocasiões de apertar o cinto e outras de bonança. Mas sempre soube qual era a minha possibilidade.
Quando virei mãe, me mantive assim e fui muito consistente com meus filhos a respeito desse assunto. Nesse tempo de colunista (tenho até um livro sobre o tema) muitas pessoas me pedem dicas. Perguntam como eu fiz e sempre pedem quase que uma receita de quais são as atitudes mais importantes a tomar na educação financeira dos filhos.
Quando começo a explicar é uma cara de espanto e de questionamento. ‘Como faço isso? Como?’. A receita existe, claro, mas o ingrediente mais importante é o comprometimento dos pais nesse plano. E falei no plural, porque os dois precisam estar juntos nessa. É muito fácil e tentador sabotar essa receita.
Outro dia, em uma festa, uma mãe me questionava como controlar um cartão sem limite que o filho tem. A primeira pergunta que me fiz foi: ‘Quem dá cartão sem limite a um filho?’. O único jeito seria tirar o cartão ou colocar um limite, é óbvio. Mas como??? Aí eu falo sobre mesada. Estipular um valor para os filhos gastarem. Ensiná-los a administrar esse dinheiro, fazendo escolhas e se planejando...
E a cara de espanto permanece. A verdade é que a minha única resposta é uma pergunta: ‘você quer mesmo ensinar o valor do dinheiro para seus filhos? Quer que aprendam a viver com o que têm disponível. Que saibam economizar. E que tenham uma vida financeira estável?’.
Se a resposta for sinceramente sim, saiba de uma coisa. Vai ser um trabalhão. Você vai ter que ser firme. Vai ter que dizer não. Vai ter que frustrar o seu filho. E vai ter que ser consistente. E deixar ele ficar sem dinheiro. Não ir a um programa com os amigos porque é caro. Não ter a roupa que todas as meninas têm porque o orçamento não permite.
Vai ter que basicamente segurar esse instinto mimador que nasce com as mães e pais, que querem dar tudo para seu príncipe encantado. Ah, mas você não quer que eles sofram? Acho que podem sofrer muito mais no futuro, se não aprenderem a viver (e bem) com o que têm à disposição. Meu marido e eu fomos firmes com os meninos, eles ficaram em casa algumas vezes porque o programa não era para o orçamento deles, mas hoje são homens (26 e 24 anos) e independentes. Deu certo!
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