Publicado em 15/05/2019, às 08h21 por Cris Guerra
Ando amarga com o mundo lá fora. Pareço estar naquele filme “A vida é bela”, encenando para Francisco uma fé que anda me faltando. Em certos momentos uma confissão escapa do cativeiro e desfila em carro alegórico, para quem quiser ver. Depois volto a erguer a cabeça e finjo que sei para onde estou indo.
Concilio a criação do meu filho com a vontade de voltar para o útero da minha mãe. Quero educar Francisco para ser um cidadão empático, justo quando meu país me pede alienação como forma de sobrevivência. Minha estratégia tem sido voltar-me para dentro em busca de paz e harmonia, não sem uma certa culpa por imaginar que isso também é egoísmo.
Sou o próprio personagem de Roberto Benini no campo de concentração. Sigo aprendendo, tentativa e erro, sonhando que alguém olhe nos meus olhos, pegue minha mão e diga: vai dar tudo certo.
Por sorte, esbarrei dia desses com a palestra “A felicidade nasce da gratidão”, do monge beneditino e estudioso ecumênico David Steindl-Rast. Ele explica que a diferença entre aquelas pessoas que têm muito, mas são infelizes pelo que falta, e as que são felizes, mesmo enfrentando adversidades consideráveis, está justamente na gratidão. E que viver em gratidão é ter a consciência de que cada instante é um presente – você não trabalhou por ele, não o produziu, e não há como ter a certeza de que um próximo momento lhe seja dado.
Aprendi que, para ser grata, momento a momento, preciso espalhar pequenas placas de PARE ao longo da minha vida. Pare. Olhe a água saindo da torneira. Você tem água potável. E assim por diante. Ser grata é abrir olhos, ouvidos e nariz para toda a riqueza que recebo de presente. “Se você é grato, você não tem medo. Se não tem medo, não é violento. Você age com senso de suficiência, e não com senso de escassez”.
David diz que gratidão é capaz de uma revolução pacífica e eu compreendo: ouvi-lo falar fez uma pequena reviravolta em mim. Suas palavras me lembraram outra inspiração: um texto do filósofo André Comte-Sponville ressaltando a importância de se pensar sobre o mistério do nascimento, em lugar de focar a morte. “Morrer é um destino. Nascer, uma sorte. Se nossos pais não tivessem feito amor naquele dia, ou se o tivessem feito algumas horas depois, (…) não estaríamos aqui hoje para pensar a respeito.”
E foi assim que, caminhando no escuro, tropecei na gratidão – por ter nascido e por ter parido Francisco, que amplia o significado da minha vida. Agradeci e recobrei a alegria, esse oxigênio pra seguir em frente.
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