Publicado em 24/12/2019, às 10h14 por Cris Guerra
A VIDA DE VERDADE
Discussões com os parceiros e longas conversas nos ensinaram a identificar e expressar os sentimentos, que hoje se perdem em meio aos emoticons e à era digital.
Uma matéria recente do jornal El País me deixou alerta. Os jovens da geração Z estão menos interessados em noitadas. A tendência começou com os Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e registrou uma redução ainda maior na geração Z (nascidos a partir de 1997). Segundo dados do Pew Research Center, apenas 30% dos jovens que hoje têm 17 e 18 anos admitem consumir bebida alcoólica, em comparação com os 54% que o faziam em 1991. Essa geração também não quer saber de dirigir, tem menos relações sexuais e prefere ficar em casa a sair, segundo um estudo da Universidade de San Diego e do Bryan Mawe College.
“Eles correm o risco de não saber definir o que sentem, já que se expressam por emoticons sempre”.
Enquanto eu preparava um longo suspiro de alívio durante a leitura, percebi que a pegadinha estava por vir: para se entreter, essa geração está trocando o convívio pelas redes sociais. Se álcool, direção e gravidez precoce parecem estar saindo do centro das preocupações dos pais de adolescentes. O maior inimigo agora mora dentro de casa – ou, pior, na palma da mão dos nossos filhos. E quem somos nós para criticá-los, se dia a dia vamos sendo engolidos pela vida virtual. Na adolescência, se eu sofria alguma espécie de FOMO (Fear Of Missing Out), era quando não tinha programa no sábado à noite. Para os jovens de hoje, o grande motivo de angústia é a queda do sinal de wi-fi.
A tendência de se refugiar em casa com a tecnologia é um inimigo difícil de combater, já que fica bem mais complicado atacar o vilão silencioso, discreto e sutil que mora no celular, no computador e até na casa do melhor amigo. Resultado disso é que os jovens estão deixando de desenvolver as competências emocionais importantes para os relacionamentos. O hábito de se expressar por emoticons ilustra essa perda (diga-se de passagem, com desenhos bem simplistas): quantas vezes respondemos a uma mensagem com carinhas pra não precisar pensar?
Acontece que nós, os pais, tivemos algum tempo para aprender a expressar o que sentimos. Passamos horas discutindo a relação com os parceiros e, mesmo às custas de algum sofrimento, hoje sabemos identificar as sutilezas que diferenciam uma emoção de outra. Nossos filhos correm o risco de não saber definir o que sentem, o que querem, como são. Enquanto isso, atrás da cortina, o monstro à espreita atende pelo nome de depressão. Sempre tive a palavra como um refúgio. Nas longas conversas comigo mesma, aprendi a nomear meus medos, minhas faltas e frustrações. Esse caminho me levou à comunicação, às sessões de psicanálise, aos livros e palestras e a páginas como esta.
E agora? Como administrar sentimentos e relações numa era que cultua a imagem em detrimento do verbo? É preciso despertar já. Quebrar a cabeça, desbravar a mata fechada e dar um jeito de ensinar aos nossos filhos que nada substitui a vida real e imperfeita, a vida de verdade.
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