Tudo o que elas querem ser

**Por Luciano Machado, engenheiro civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, especialista pós graduado em geotecnia pelo Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC), filósofo pela Universidade Cruzeiro do Sul e sócio fundador da MMF Projetos, e Joyce Ribeiro, jornalista formada pela Universidade FIAM, pós-graduada em jornalismo econômico e político pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), primeira mulher negra a comandar um debate entre presidenciáveis na TV e a primeira a assumir sozinha a bancada de um jornal diário em horário nobre. Atualmente é apresentadora do Jornal da Tarde da TV Cultura, mas já teve passagens por emissoras como SBT e Record TV, entre outras emissoras.

Pais negros de duas meninas. É inevitável comparar as diferenças da educação das nossas meninas com a educação que nós tivemos. Crescer sem referências nas mídias, com o ataque cruel do bullying e o racismo destruidor de sonhos não foi tarefa fácil. Muito cedo descobrimos que a chance de escolher o futuro e ser protagonistas das nossas histórias valia mais que ouro.

A Lorena, a nossa caçula, tem sete anos e a Maria Luísa tem dez. Personalidades diferentes, sonhos fantasiosos de crianças completamente distintas, mas sempre unidas e cada dia mais confiantes de que elas podem simplesmente tudo.

A Lolô, por exemplo, gosta de cantar. É mega fã da cantora Iza… Já a Malu gosta de HQs,  jogos digitais e sendo uma seguidora de Naruto, desenvolveu a habilidade de desenhar, que pratica diariamente com disciplina.  É incrível acompanhar o desenvolvimento de cada uma delas, entender as aspirações, desvendar aptidões e ajudá-las a encarar o mundo.

Apesar de serem tão novas, assuntos como racismo e discriminação já fazem parte das conversas em família. O desafio é prepará-las para enfrentar estas situações, tão presentes no cotidiano de negros e negras no país. Ainda que de formas diferentes, já que o racismo se transforma e encontra novas formas para agir, não há quem esteja blindado ou livre dos problemas causados pelas questões raciais, num país alicerçado nas amarras do preconceito e discriminação por conta da cor da pele.

Impulsionar o sonho delas é a nossa missão. Querer, poder e realizar. Projetamos isso muito antes delas nascerem, muito antes da possibilidade de formar uma família. Eu e a Joyce fomos adolescentes nos anos 1990, tempos de supervalorização de uma beleza padrão, que em nada se aproxima da gente, e ter pessoas parecidas com você em atividades positivas faz toda a diferença.

Malu e Lolô são fãs de carteirinha da tenista Serena Williams. Ficam encantadas assistindo às partidas e já planejam o início das aulas para praticar o esporte, entre tantos outros compromissos que já congestionam a agenda das duas. Elas querem tudo… Se deixarmos é claro que se perdem em suas escolhas infantis, então a nós cabe a supervisão amorosa, orientação e o incentivo.

Tênis, música, animes, judô, capoeira. Elas não sabem… nós não sabemos e elas querem tudo. Esportes, artes, matemática, ciência… Os olhinhos brilham em tantas direções, que isso fortalece dentro de nós a vontade de colaborar para que a variedade de escolhas seja uma realidade para todas as crianças. A deliciosa incerteza, a infinidade de caminhos que ainda não sabemos para onde levarão, mas serão divertidos e educativos.

Diário de bordo: tudo o que rolou na nossa viagem com a MSC Seashore