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Nossas raízes importam: avós são seres mágicos

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Publicado em 30/07/2021, às 08h38 por Toda Família Preta Importa


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**Texto por Mayara Assunção, mãe de Adriano e Amora. Integrante do Bloco AfroPercussivo Zumbiido e do Kilûmbu Òkótò. Graduanda em Ciências Sociais pela UNIFESP. Escreve reflexões sobre educação, maternidade, infâncias, identidade e negritude

Ouvir os mais velhos é como reviver a história (Foto: Shutterstock)

A lembrança de um sorriso cúmplice, de uma roupa bonita, do gosto especial daquela comida. A voz doce que acalma, a palavra que toca na alma. Quem não pensa com carinho quando o tema são os avós? Se eu tivesse meu próprio dicionário, a palavra “avós” significaria “raiz”. Sim Raiz! Que é forte e que fortalece. Elemento estrutural e essencial. Que nos mantêm firmes e fazem crescer. Avós são a nossa oportunidade de conviver com os ancestrais.

Dia 26 de julho comemorou-se o “Dia dos Avós” e como nas Culturas Negras, os nossos mais velhos são sagrados, hoje os olhares, lembranças, palavras e cuidados são todos para eles. Em diversas manifestações negras temos cantigas dedicadas aos avós. São saudações, louvações, agradecimentos, contos. Nos Jongos, nos Sambas de Roda, na Capoeira, nos Maracatus, nos Cocos, nos Batuques, Avós são presença certeira nas músicas e nas rodas.

As preparações, as louvações, a comensalidade: não existe festa, encontro, comemoração negra sem avós. Das baianas das escolas de samba, da velha guarda, das quituteiras, por exemplo: onde tem organização negra, tem a presença cativante de “vôs” e “vós”. E para nós, todos os mais velhos são como avós. Não é só o laço sanguíneo direto. Uma tia, um tio, uma amiga, um conhecido da família, um primo: nossos mais velhos são referência e são, nossos avós.

Vô e Vó estão sempre na elegância, organizados na “estica” vaidosos e belos. De cabelos brancos, de chapéu. De trança. De cabelos pintados. De turbante. De penteado. Nossos avós nos ensinam, inclusive, a importância de cuidar do exterior. Tudo que envolve avós é belo. E como é deliciosa uma casa com avós! Como o colo quentinho e o sorriso da maturidade podem trazer paz e fortalecer uma criança. Em tempos em que crianças negras são expostas diariamente a todos os tipos de violência, ter um lugar (ou uma pessoa) para te fortalecer é como um bálsamo! Tenho na minha cabeça, que crianças que crescem convivendo com avós, crescem mais feliz. Aliás, bem mais feliz!

Nas tradições negras, as pessoas mais velhas têm um papel fundamental para toda comunidade. São estruturas principais para organização. Nossos griôs são sábios, carregam dores, mas principalmente são sinônimo de luta. O poeta Hampaté Bah, do Mali, nos ensina que: “Quando morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca inteira”. Porque nas sociedades negras, os idosos têm valor especial, são detentores de segredos, dons e muitas habilidades. Os nossos mais velhos possuem conexão direta com as nossas crianças.

Há tempos homens e mulheres negros lutam pela sobrevivência e pela continuidade de suas famílias. No Brasil, que mata um jovem negro a cada 23 minutos e que, brancos têm uma expectativa de vida maior que negros, chegar a vida adulta com uma família e com netos para conviver é um marco. Eu tenho para mim, que quando uma pessoa descobre que vai se tornar avô ou avó, ela ganha – no mínimo, uns 3 anos a mais de vida. E quando, de fato, conhece o neto, ganha aí mais uns 7, 8 anos nesta existência. A dor no joelho some, as costas ficam boas, criam força e coragem para tudo. Tudo mesmo!

Mesmo marcados pela luta de uma vida e por diversas violências, o adulto que se torna avô recupera o brilho da infância, exerce uma conexão direta com os netos e transborda alegrias e amores! Muitas relações entre pais e filhos, inclusive, se tornam mais saudáveis com a chegada de um neto. E isso não acontece só porque as crianças são seres incríveis. Isso acontece, porque avós são seres mágicos! Magia, afeto e conhecimento são capazes de fazer crescer, assim como as raízes das plantas. O maior pacto que jovens negros podem fazer é amar, orgulhar e honrar suas raízes, digo, seus avós!!!

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Palavras-chave
Família crianças Avós criação antirracista