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Parentalidade não tem roteiro ou guia, mas está cheio de fiscais

Como lidar com os imprevistos da parentalidade? - Shutterstock
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Publicado em 26/05/2023, às 06h55 por Ana Cardoso e Marcos Piangers


Ele: o manual

Dizem que filhos vêm sem manual, o que já é assustador por si só, mas pelo menos na hora do parto deveriam nos entregar um livro de expectativas da sociedade. Algo como “O que se espera de um pai”, para que os homens soubessem o que os outros querem de nós. O que esperam as mães, os avós, a sogra, as revistas de parentalidade, os programas de tv, os livros pediátricos, as redes sociais, os olhares de estranhos quando estamos sozinhos nos parques, só nós e nossos bebês?

Como lidar com os imprevistos da parentalidade? (Foto: Shutterstock)

Todo pai é um desorientado. A televisão, o carro, o liquidificador, todos acompanham manual. Um filho, muito mais importante que eletrodomésticos, vem sem. Nem uma bula, nem uma mísera etiqueta amarrada no pé do bebê: “NÃO BALANCE POIS VOMITA”. A humanidade não viveu tempo o bastante para chegar a conclusões? Não poderiam ter se reunido em algum momento histórico, assim como zeram ao criar a ONU, o Euro, a OMS, e saído da reunião, os pediatras, psicólogos, cientistas, todos com um livro, dizendo nas entrevistas: “Conseguimos! Temos agora um manual”?

Ora, um pequeno livrinho de regras simples: “O que fazer e o que não fazer”, coisas óbvias que todos parecem saber, menos os pais. “Volte cedo do serviço. Não saia para happy hours com amigos no primeiro ano. Não limpe o rosto da criança com pano que caiu no chão. Não tente andar de skate enquanto empurra o carrinho de bebê”.

Para ter filhos seria obrigatória a leitura do manual. Uma grande prova nacional seria realizada anualmente para os candidatos a pai. Tirando notas baixas, você estaria proibido de ser pai. Para casar no cartório, apenas com a carteirinha de aprovação. Alguns saberiam o manual de cor, recitariam trechos nos bares, se mostrando para as garotas. “Artigo 33, parágrafo quarto: jamais esquente a mamadeira de plástico no micro-ondas”. Teriam sempre orgulhosamente o diploma na carteira. “Aprovado para paternidade”.

De tempo em tempo, o manual seria atualizado. No jornal da noite a manchete: “Bater em crianças acaba de ser abolido do manual”. Os pais estariam sempre aprendendo sobre a coisa mais importante da vida, criar bem outro ser humano. Não estou dizendo que não erraríamos mais. Mas já seria um ótimo começo.

Ela: os critérios de avaliação

Como saber que você é uma boa mãe? Seu filho chora pouco, está crescendo no ritmo certo? As professoras da escola demonstram simpatia quando você chega? As outras mães sempre te convidam para as festinhas? Cartões com mensagens de amor escritas errado abundam na sua mesinha de cabeceira ou você ouve “eu te amo, mamãe” com mais frequência do que faz xixi? Já vi muitas mães se culpando porque os filhos nasceram com algum problema de saúde. “Tomei muito café na gestação”, “não fiz hidroginástica a partir do oitavo mês”, “todo mundo é obeso na minha família, agora meu filho está com diabetes”.

Se seu filho vai mal na escola, você vai sentir que falhou. Se está triste num canto, também. O mundo não precisa nem fazer nada, nosso mal-estar e um chicotinho imaginário já vêm pra casa com a mochila da maternidade e o bebê. É sempre assim. O pior, o que mais me dói, é quando alguém decide consertar a sua vida sem você pedir ajuda. Eu ficava muito chateada quando as pessoas davam palpites sobre horários, formas e a importância de amamentar sendo que eu estava amamentando, mesmo com os bicos dos seios sangrando e sem dormir.

É preciso cuidar das nossas crianças hoje, no presente
Embora não tenha manual, mães são muito julgadas pelas formas que criam os filhos (Foto: Shutterstock)

Eu concordo que como sociedade precisamos nos preocupar com todas as crianças, as mães, os pais, os idosos, todo mundo, mas – vez ou outra – me assusto com a intensidade deste “cuidado coletivo”, principalmente quando ele parece mais opinião que preocupação. Quando minha filha mais nova tinha dois anos ela tinha muita dificuldade para fazer cocô. Um dia levei-a num gastroenterologista infantil. O médico receitou um pozinho mágico de fibra hidrossolúvel para botar na mamadeira e um banquinho onde ela ficasse com os pés plantados quando sentasse no vaso. Acertou na mosca.

Na sala de espera estava a Amanda, uma garotinha de 18 meses, bem magra e pequena. Se o problema da minha filha era na saída, o dela era na entrada: a menina não comia nada. Em determinado momento, a mãe alcançou uma mamadeira de Coca-Cola para a bebê. Perguntei o porquê e ela me disse: é isso ou nada, ela só aceita refrigerante. Eu achei estranho, mas não tenho régua para medir a maternidade alheia. A mulher não estava no médico, especialista no assunto? Então, ele que desse a sua opinião e a orientasse.

Para falar bem a verdade, eu fiquei com pena das duas: da mãe e da filha. Espero que tenham superado sua questão, como eu e Aurora resolvemos a nossa. Não bastasse a culpa inerente de toda mãe, existe um universo todo prontinho pra julgar as mães. Cada um com seu próprio critério.

Moral: “Filho não vem com manual, mas não faltam fiscais para tutelar a criação alheia”

Veja também: Vacinas salvam vidas: tudo sobre a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe

Vacina é um tema tão essencial que, pela primeira vez, a Pais&Filhos se uniu ao Ministério da Saúde e Crescer nessa causa. Estamos juntos para conscientizar a população sobre a importância da imunização contra a gripe e estimular a vacinação, com foco nos grupos prioritários.


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