Colunas / Bebê Leitor

Com o livro nas mãos

Laura Alzueta
Laura Alzueta

Publicado em 27/06/2017, às 12h05 por Lô Carvalho


Quando o bebê começa a querer pegar a comida com as próprias mãos, todos se maravilham. Ele suja a parede, o chão, a boca, a roupa, a nossa roupa… Tudo em volta parece ficar cheio de pedacinhos de comida. E a nossa reação é a melhor possível: pura alegria, o bebê está aprendendo!

Se é um brinquedo, a gente também se encanta: o bebê balança o brinquedo para cima e para baixo e a gente ri; põe na boca e a gente acha graça; joga longe uma, duas, três vezes e a gente não se incomoda de abaixar uma, duas, três vezes… Afinal, ele está aprendendo!

Mas quando se trata de um livro, a gente hesita. São tantos os perigos: rasgar uma página, colocar na boca, babar em cima, cortar a mãozinha, comer o papel… Mesmo os livros sendo o alimento da alma, ainda existem pessoas que acreditam que livros e bebês não combinam. Pensam que se a criança não sabe o que está escrito, não vai servir para nada deixá-la pegar um livro com as próprias mãos.

Pesquisas em todas as partes do mundo já confirmaram que o contato da criança com a leitura, desde a mais tenra idade, proporciona uma infinidade de benefícios: vocabulário mais amplo, maior habilidade para se expressar oralmente e por escrito, processo de alfabetização facilitado, melhor desempenho escolar… Além disso, alguns pesquisadores destacam que os pais que leem para os filhos estabelecem vínculos afetivos mais fortes e duradouros.

Não dá para não acreditar, nos dias de hoje, que ler para o bebê é importante. Mas, se você prestar atenção, vai notar que falei em leitura, e não de livros. Pois é, as pesquisas só estudam a leitura em si, enquanto atividade intelectual. Estão longe de observar os gestos que todo leitor faz para ler e enquanto lê.

Explico. Imagine um mímico. Com as mãos vazias, ele simula a leitura: com as mãos segura o livro, movimenta a cabeça de um lado para o outro, os olhos para cima e para baixo, com o indicador aponta para as linhas do texto e vira as páginas. Ele pode até levar o indicador até os lábios para dar aquela molhadinha… Você reconhece esses gestos como sendo da leitura? Pois é, são e por detrás de cada um deles existem vários conhecimentos importantes.

Agora imagine este mesmo mímico simulando um ato de comer. Imaginou? Reconhece o tanto de informação que existe sobre cada um dos gestos relacionados à refeição? Como segurar os talheres, os alimentos que precisam ser cortados, aqueles que podem ser pinçados com o garfo, os outros que só podemos comer com a colher… O movimento das mãos até a boca, o olhar que vai do prato para o talher, as sensações todas…

Tanto no caso da leitura como no caso da refeição, os gestos são culturais e o esforço de aprendizagem do bebê é enorme! Em se tratando de comida, a gente deixa a criança ter a liberdade de manipular alimentos e talheres. Mas quando se trata de um livro…

Após anos trabalhando como professora e editora, tenho a firme convicção de que é o amor pelos livros que prolonga o prazer da leitura para toda a vida. E quando falo em livro estou falando do objeto em si. Como se fosse um acessório de moda, um celular que não queremos largar, um carro que desejamos algo que realmente queremos.

O amor aos livros nasce da percepção que temos da sua materialidade e das sensações que a sua forma, tamanho, cor, textura e cheiro nos provocam. Associada a elas, têm os sentimentos que o seu conteúdo nos desperta, é claro. O livro se torna um objeto de desejo. É o amor aos livros que fez com que milhares de crianças e jovens no mundo inteiro aguardassem o último livro sobre Harry Potter. O prazer de ter todos eles, de colecioná-los, de possuir mais de uma edição do mesmo título, de vê-los lado a lado na prateleira…

Cada vez mais acredito que o desejo de ter um livro e a vontade de lê-lo são como duas faces de uma mesma moeda: indissociáveis. Por isso, abrace essa ideia: deixe o seu bebê agarrar um livro com as próprias mãos, estimule a sua criança a colecionar livros de seus personagens mais queridos e fique com seu filho adolescente na imensa fila de autógrafos para que ele possa chegar perto do seu ídolo favorito (seja ele um escritor, um ator ou até mesmo um youtuber apenas um pouco mais velho do que ele). Caso contrário, não reclame se após anos e anos lendo para o seu filho pequeno, ele nunca mais chegar perto de um livro quando jovem!

Por Lô Carvalho

Autora, editora e educadora

Aqui na Pais & Filhos, trato de discorrer sobre a leitura em família e o prazer da leitura

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