Criança

Menina de 11 anos é barrada em campeonato de patinação por ser transexual

Reprodução/Arquivo pessoal
Reprodução/Arquivo pessoal

Publicado em 21/04/2019, às 18h44 - Atualizado às 19h12 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo


Maria Joaquina Cavalcanti Reikdall é uma criança transexual, de 11 anos. Isso significa que ela não se identifica com o seu sexo biológico: ela nasceu com a “cabeça de mulher em um corpo masculino”. Segundo especialistas, nossa identidade de gênero não se resume aos nossos órgãos sexuais. Ela é, na verdade, resultado de como nos sentimos e de nossa imagem física.

Patinadora artística, ela foi impedida neste sábado (20) de competir na categoria internacional do esporte apesar de ter ficado na segunda posição do campeonato brasileiro – o que lhe garantia uma vaga automática na competição sul-americana. Segundo a justificativa do campeonato, ela não foi convocada por ser uma criança transgênero. 

Anteriormente, ela tinha recebido uma liminar que permitia a sua participação no Campeonato Sul-Americano de Patinação Artística. Mas agora, ela foi derrubada. A decisão, que tinha sido dada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, caiu depois de um recurso apresentado pela Confederação Sul-Americana de Patinação Artística. O campeonato acontece até 30 de abril em Joinville (SC). A menina se apresentaria na próxima segunda-feira (22).

Segundo informações da revista Veja, o empresário e professor Gustavo Uchoa Cavalcanti, pai de Maria Joaquina, recebeu um e-mail da Confederação Brasileira informando que ela não poderia competir na esfera internacional entre as meninas, logo depois da classificação da filha na etapa nacional. “A regra previa classificação automática para a competição internacional para os cinco primeiros colocados. Maria Joaquina ficou em segundo lugar e não foi convocada. Imaginei que a Confederação Brasileira, ao autorizar sua participação na competição nacional, teria comunicado a Confederação Sul-Americana da sua inscrição”, contou, em entrevista à Veja.

O pai procurou a instituição atrás de esclarecimentos. Como resposta, a Confederação Sul-Americana informou que as inscrições dos atletas são baseadas no sexo de nascimento: se o registro de identidade for masculino, será categoria masculina e vice-versa. O processo de mudança do nome de Maria Joaquina está na Justiça desde o ano passado, ainda sem decisão.

A participação de atletas transexuais femininas no esporte ainda é polêmica. Há quem acredite que essa pessoas teriam vantagem físicas sobre as outras meninas, por terem níveis mais altos de testosterona no organismo. Mas essa tese foi derrubada pelo pai da menina, que esclareceu que ela ainda nem entrou na puberdade — seus níveis de testosterona são como o de qualquer criança, seja menino ou menina. “Maria Joaquina ainda é uma criança. Ela é acompanhada frequentemente por um endocrinologista, que faz as medições das taxas hormonais. Maria Joaquina tem 0,5 nmol/l de testosterona no sangue, enquanto a irmã mais nova dela, Talia, tem 0,7 nmol/l”, explica.

Além de fazer acompanhamento com um endocrinologista, a menina é paciente do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (AMTIGOS), no Hospital das Clínicas de São Paulo, há dois anos. “O bloqueio hormonal da produção de testosterona só acontecerá quando ela entrar na puberdade. Por enquanto, a orientação que recebemos é apenas de acolher e cuidar”, conta o pai.

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