Criança

Escola é lugar de brincar, conversar e aprender

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Publicado em 22/09/2018, às 16h33 por Nathália Martins, Filha de Sueli e Josias


Ana Cardoso é jornalista, socióloga e escritora. Ela ama suas filhas Anita e Aurora mais que tudo, mas não esquece jamais de si. Já seu marido Marcos Piangers é jornalista, palestrante e escritor. Sempre comprometido com a paternidade presente e amorosa, inspira milhares de pessoas com seus vídeos, textos e palestras. A gente ama esse casal! Por isso, todo mês eles escolhem um tema do universo familiar para debater. Dá uma olhada:

Ela diz:

Senta e copia

Nunca tinha acontecido. Nesses 13 anos de maternidade. E o pior, a traição aos meus princípios se deu com o filho de outra pessoa, que eu adoro, por sinal. O filho de uma amiga psicopedagoga. Tomei um café com o guri e o aconselhei a fazer exatamente o contrário do que eu acredito, da forma que crio minhas filhas e do que eu escrevo e falo.

Disse a ele que a vida é assim mesmo. Que não adianta querer mudar as coisas, que é mais fácil se enquadrar do que brigar todo dia. Me senti a pior das pessoas.

Pensa num menino genial. Desses que curte música clássica e rock, que toca qualquer instrumento sem precisar de aula, que lê notícias e questiona sua veracidade, que se interessa por política e sociedade, que questiona o machismo, que tem tantos predicados que encheriam essa página. Pois bem, esse guri, está tendo problemas de relacionamento na escola.

Ele é adulto demais para sua turminha de 11 anos. Ele desafia demais os professores. Ele pensa diferente. Ele é um protótipo perfeito de tudo que os cursos de criatividade pregam que o ser humano do futuro tem que ser. Natural de fábrica, uma vez que seu irmão (do mesmo pai e da mesma mãe) só pensa em futebol, ouve funk e vive feliz com suas notas baixas na escola.

No mundo ideal, o Guilherme (não é este seu nome real) conviveria com mais crianças como ele. E teria apenas professores apaixonados pelo cérebro e dispostos a ir muito fundo em todas as discussões. Mas não, a maioria das crianças e dos professores “ainda são os mesmos e vivem como nossos pais”. Gostam mesmo de comer bolacha recheada e copiar no caderno o que os professores passam no quadro, sem sequer ler para saber do que se trata.

Me dói pensar que a infância e a adolescência podem ser um período de grande incompreensão para crianças mais questionadoras. E que, para sobreviver a essa fase, algumas crianças tenham que negar a sua essência e ocultar uma parte bem significativa de sua identidade. Nietszche já dizia: “Ao matar seus demônios, cuidado para não destruir o que há de melhor em você.”

Minha filha mais velha, a Anita, muitas vezes também não se sente parte de um grupo. Integrada, compartilhando interesses e gostos.

Também tive meus momentos assim quando criança. Talvez todo mundo tenha. Nessas horas, ouvir conselhos do século XVII talvez faça algum sentido. Prefiro pensar assim para não me sentir mal em sugerir que uma criança genial se comporte, se anule e se limite para passar por essa fase chata sem maiores danos.

Ele diz:

Queremos crianças felizes?

Eu quero que você feche os olhos e imagine uma criança feliz. Faça isso, por favor, e volte aqui em cinco segundos. (Espero que você não esteja no escritório. Seus colegas vão achar que você caiu no sono). Pois bem, você imaginou uma criança feliz. Ela estava fazendo o dever de casa? Ela estava sentada e quieta? Esta criança feliz estava prestando atenção na lição de matemática?

Adorei quando um amigo me contou sobre uma pesquisa informal que fez com alguns alunos de até dez anos. Perguntados como seria a escola ideal, as crianças responderam: um lugar em que pode correr e pode conversar. Ou seja, o oposto das escolas de hoje, em que você não pode correr e não pode conversar. Os escritórios das empresas mais modernas hoje em dia têm pista de corrida para os funcionários fazerem reuniões enquanto se exercitam. Pode correr e pode conversar. Steve Jobs, uma das mentes mais criativas da história, adorava fazer reuniões caminhando e defendia a ideia de que, em movimento, temos ideias melhores. Pode correr e pode conversar.

Quantos de vocês eram ótimos alunos, estudiosos e dedicados, tiravam notas boas, mas a professora reclamava que eram “muito conversadeiros”? Como se conversar fosse uma habilidade ruim. Como se conversar não possibilitasse conexões, aprendizados, contato com outras opiniões, outras culturas. Conversar é uma habilidade fantástica, completamente demonizada na sala de aula. Algumas pesquisas mostram que as pessoas aprendem mais quando estão discutindo em grupo. Está provado que aprendemos mais quando ensinamos outras pessoas. Falar é melhor do que prestar atenção. Pode correr e pode conversar.

Os países com os melhores níveis de aprendizado do mundo estão diminuindo a quantidade de tempo dentro da sala de aula. “Eles precisam brincar mais”, afirmam os pedagogos. Em países como a Finlândia e a Suécia as crianças não levam tarefas para casa. O tempo com a família deve ser aproveitado sem pressão ou estresse.

Me impressiona a quantidade de cursos de humanização e criatividade para adultos – sinal apenas de que o sistema educacional nos desumaniza e nos tira todo o potencial criativo. Temos que, depois de formados, buscar cursos de humanização. Você já presenciou um desses cursos? São cheios de adultos brincando de pega-pega e escravos de Jó. Passamos anos perdendo uma série de habilidades para depois tentar recuperá-las.

Eu quero que você imagine uma criança feliz. Ela provavelmente está fazendo barulho, dando risada, correndo e pulando, dançando e, talvez, abraçando os amigos ou familiares. Ela não está em uma sala fechada olhando para um quadro negro e copiando a lição em um caderno. Ela está viva, inspirada, desenvolvendo seu senso crítico. Queremos crianças felizes?

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