Publicado em 27/08/2019, às 08h06 por Bianca Sollero
A família não é vista socialmente com a importância que lhe é devida. A maioria dos estudos e das políticas públicas voltadas à primeira infância dizem respeito à escola, e não à família. A meta número 1 do nosso atual Plano Nacional de Educação consiste em ampliar o acesso das crianças de zero a três anos às creches (50% delas devem estar na escola até 2024) e eu fico pensando porque nossos esforços não estão voltados a garantir que a criança nessa faixa etária possa ter um adequado convívio familiar. Porque não pensamos em possibilidades de ampliar as licenças-maternidade e paternidade, em tempo integral ou parcial para que a criança tenha o direito de construir vínculos saudáveis com aqueles que lhes são mais importantes?
Eu sou professora e já atuei na rede pública e privada para a Educação Infantil. Na minha experiência prática em sala de aula (bem como na clínica, enquanto psicóloga) e no diálogo com meus colegas, é claro perceber que as principais dificuldades no desempenho cognitivo ou comportamental na escola vêm das crianças cujos vínculos familiares são mais desequilibrados.
Um recente artigo publicado na revista online Texto e Contexto Enfermagem, da Universidade Federal de Santa Catarina, fez a revisão bibliográfica de mais de 500 pesquisas sobre os principais fatores relacionados às disfunções socioemocionais das crianças entre zero e 2 anos e constatou: “as disfunções no desenvolvimento socioemocional dos lactentes [crianças até 2 anos] são condicionadas pelos contextos de cuidado, fortemente expressos nos processos proximais, particularmente vinculadas às limitações no cuidado, nas situações de adoecimento dos cuidadores, e pelas adversidades nas relações familiares e apoio social que influem nas interações com a criança pequena.” (Silva DI, Mello DF, Mazza VA, Toriyama ATM, Veríssimo MLÓR. 2019)
Definitivamente não considero nenhum problema as crianças menores participarem da vida escolar desde tão cedo. Isto é, desde que seu convívio familiar não seja afetado. E isso, infelizmente, não é realidade para nós, brasileiros. Por isso acho equivocado focarmos no acesso a escola em vez de cuidados familiares. Na prática o que acontece é que crianças entram cedo na escola porque os pais não têm condições para ficar mais tempo com elas. Porque precisam de jornadas absurdas de trabalho para garantirem o salário que consideram digno ou para propiciar à sua família o bem-estar que entende como necessário. Mas essa é uma conta que não fecha.
Enquanto pais e mães estão fora de casa buscando “uma vida melhor”, suas crianças estão abandonadas nas escolas. Claro que temos escolas maravilhosas que cumprem muito bem seu papel e, ainda, dão conta de diminuir o abismo emocional interno que fica nas crianças desprivilegiadas de vínculos familiares saudáveis. Mas nunca ocuparão o lugar que a família deveria ocupar na história de vida e nos benefícios ao desenvolvimento infantil que só ela propicia. Pior ainda é saber que essas escolas são minoria e, em grande parte, particulares.
A família precisa ser vista com maior importância neste século 21. É nela que as nossas habilidades mais humanas (ou seja, as que garantirão nossa sobrevivência) são nutridas e desenvolvidas. Enquanto não olharmos para nossa família como O MELHOR E MAIS IMPORTANTE ESPAÇO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL, pouco adiantará outras ações para garantir um melhor futuro para nossos filhos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Silva DI, Mello DF, Mazza VA, Toriyama ATM, Veríssimo MLÓR. Disfunções no desenvolvimento socioemocional de lactentes e seus fatores relacionados: uma revisão integrativa. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2019 [acesso ANO MÊS DIA]; 28:e20170370. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2017-0370
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