Publicado em 25/08/2020, às 09h00 por Redação Pais&Filhos
Nem sempre o “relógio biológico” acompanha os nossos objetivos de vida. Cada vez mais, os casais tendem a adiar a gravidez, seja por motivos de carreira ou por dificuldades para encontrar um parceiro. A boa notícia é que, com o avanço das técnicas de reprodução assistida, o sonho de engravidar não precisa ser deixado de lado.
Muita gente não sabe, mas mesmo mulheres que já não podem mais gestar naturalmente também têm a possibilidade de engravidar. Em muitos casos, isso só é possível graças à doação de óvulos. A fertilização in vitro (FIV) por meio de ovorecepção cada vez mais tem se mostrado como uma boa alternativa para driblar a infertilidade. Funciona assim: os óvulos doados são fecundados com os espermatozoides do companheiro (ou de outro doador) e, depois, implantados no útero da receptora. A seguir, esclarecemos as principais dúvidas sobre o assunto:
A ovorecepção é indicada para famílias que, por alguma razão, não podem engravidar naturalmente. Desde que a mulher receptora tenha condições de manter a gestação de forma saudável, os óvulos doados podem ser uma opção nos seguintes casos:
O primeiro passo é procurar um especialista em reprodução assistida para realizar todos os exames e checar se o casal está com a saúde em dia. Depois, começa o processo de escolha da doadora. Em seguida, a mãe inicia um tratamento para preparar o endométrio para a chegada do bebê. Enquanto isso, os óvulos são fecundados pelos espermatozoides (que podem ser do parceiro ou de um doador). O último passo é a transferência embrionária, quando finalmente o embrião é introduzido no útero da mulher.
Não dá para apontar um tempo exato de duração do tratamento. Antes de qualquer coisa, o casal precisará passar por uma bateria de exames para ver como está de saúde e se há algum tipo de doença genética na família. A partir daí, o médico orientará sobre os próximos passos e poderá passar uma estimativa de duração do processo.
“Normalmente, a ovorecepção demora um pouquinho mais do que uma FIVcom óvulos próprios. Em alguns casos, isso acontece porque pode levar um tempo até achar uma doadora com características físicas parecidas com a mãe”, explica o ginecologista Caio Parente Barbosa, especialista em reprodução humana creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), pai de Caio, Mariana, Guilherme, Gustavo e Luísa.
A escolha da doadora é feita em parceria com a clínica de reprodução assistida. Em conjunto com a equipe médica, a família consulta um banco de óvulos. Aí começa uma procura por uma doadora que seja compatível e atenda às expectativas da família. O Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que, dentro do possível, a doadora tenha características físicas parecidas com a da mulher que vai gestar.
Antes de tomar a decisão, a família tem acesso a uma ficha médica da doadora, que inclui peso, altura, cor da pele, tipo sanguíneo, etnia e resultado de exames. A partir dessas informações, o casal tem a liberdade de escolher a doadora que pensa ser ideal.
Todo o processo de doação e recepção de gametas é totalmente sigiloso e anônimo. Nem quem doa nem quem recebe os óvulos têm acesso à identidade das outras pessoas envolvidas no processo. Isso quer dizer que a doadora não sabe quem é a mãe que recebeu seus óvulos e vice-versa. Os doadores não podem ser conhecidos ou parentes do casal.
No tratamento de ovorecepção, é preciso considerar a idade da doadora e não da idade da mulher que vai receber os óvulos. É como se a doadora “repassasse” as chances de gravidez para a receptora. Por exemplo, uma mulher de 40 anos que recebe óvulos de uma doadora de 30 anos tem as mesmas chances de engravidar que uma mulher de 30.
Apesar disso, é sempre importante lembrar que, quanto mais velha for a mulher que vai receber os óvulos, maiores devem ser cuidados com a gestação. “A partir dos 45 anos, existe uma discreta redução das taxas de gravidez. Para gestar, a mulher precisa estar muito bem fisicamente, já que nessa idade aumenta muito a incidência de hipertensão e diabetes durante a gravidez”, diz Caio.
Apesar de ser um questionamento comum, essa é uma decisão que só cabe à família tomar. Nos dois casos, a criança não carregará a carga genética da mãe – é verdade –, mas são experiências diferentes. Com o tratamento de ovorecepção, a mulher tem a possibilidade de passar por todas as etapas da gestação e da amamentação.
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