Publicado em 18/12/2018, às 16h57 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h40 por Isabelle Marsola, Filha de Soraya e Júnior
O garoto Lyosha nasceu em um vilarejo remoto no leste da Sibéria, na Rússia. De origem humilde teve a sua vida marcada pelo alcoolismo.
“Uma deficiência pode dar a você uma nova maneira de ver o mundo e até novas oportunidades, mas é importante não deixar sua vida inteira girar em torno disso, porque isso pode acabar com você”, disse em entrevista para News Brasil.
Em 2005, depois de uma grande comemoração de Ano Novo, seu pai estava em estado de delírio alcoólico e jogou seus dois filhos pequenos em um grande forno a lenha. O bebê de 14 meses morreu queimado e Lyosha, que na época tinha dois anos, foi salvo pela sua mãe.
“Eu nunca o odiei. Ele provavelmente pensou que eu estava furioso com ele mas quando nos conhecemos, quando voltamos para Buriácia, conversamos. Disse tudo a ele e agora trocamos correspondências cartas e nos mantemos em contato.”, ele comentou sobre sua relação com seu pai.
Logo após o acidente ele foi tirado da Buriácia onde vivia, porque sua mãe não tinha condições de cuidar dele. Uma família em Moscou o acolheu. Quando fez 16 anos, Lyosha já havia viajado quase metade do mundo.
“Estive na Suíça, nos Estados Unidos, na Alemanha, na França, na Lituânia, em muitos lugares. Tudo pelas minhas queimaduras. Fui a clínicas e a centros de reabilitação.”
Ele ainda contou que odiava as pessoas quando era mais jovem. Sentia que elas o tratavam como se fosse “algum tipo de animal”. Comentou também que em uma época começou a gostar das consultas com psicólogos por eles lhe ajudarem a entender o que estava acontecendo, e deixou o ódio desaparecer.
Ao longo dos anos, a aparência de Lyosha continuou chamando atenção. “As pessoas têm medo do que não conhecem e te odeiam ou sentem curiosidade e querem te conhecer.” Lyosha não gosta muito de falar sobre as mudanças que a tragédia causou em sua vida.
“Não foi minha escolha. Eu era pequeno. O que aconteceu, aconteceu. Se o resultado tivesse sido diferente, eu estaria morto e não haveria nada a ser feito, ou eu teria ficado morando em Buriácia. É só isso.”
Ele é diferente das outras pessoas, não tem medo do fogo como normalmente as pessoas que se queimaram tem. “Eu amo fogo, amo lareiras. Gosto de sua luz, do seu calor. É lindo. Posso observá-lo por horas.”
Lyosha diz que se interessa pela mítica Fênix,”Posso entender isso. Fui queimado quando criança e, de alguma forma, renasci das cinzas.” Atualmente, Lyosha vive e estuda em Moscou.
Ele segue em contato com seu pai biológico, que o jogou no fogo, e que recentemente saiu da prisão. “Não se trata de perdão. O perdoei há muito tempo. Agora apenas conversamos, como pessoas normais conversam”
Veja como está o corpo de Lyosha 13 anos depois do acontecimento:
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