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Hamburgueria causa polêmica ao batizar sanduíche de Maria da Penha

A escolha gerou críticas dos internautas - Reprodução/Kau Hamburgueria
Reprodução/Kau Hamburgueria

Publicado em 27/11/2018, às 15h10 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h28 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo


Uma hamburgueria da cidade de Salto, no interior de São Paulo, causou polêmica nas redes sociais ao lançar um sanduíche batizado de “Maria da Penha”. O hambúrguer leva repolho roxo como um dos principais ingredientes e as palavras “olho roxo” foram grifadas e destacadas para evidenciar e mostrar o “trocadilho” com o nome do sanduíche.

A escolha gerou críticas dos internautas, que acusaram o estabelecimento de fazer apologia e piada com a violência contra a mulher. Depois da polêmica, a administração do restaurante mudou o nome do hambúrguer para “Censurado” e depois para “Um lanche com repolho”.

(Foto: Reprodução/Kau Hamburgueria)
(Foto: Reprodução/Kau Hamburgueria)

Diante da reação do público, o dono da Kau Hamburgueria, André Buzzo, apagou todas as páginas da hamburgueria das redes sociais. “Tiramos a página do Kau e o perfil do Instagram do ar devido a ataques virtuais – para mim, é quase um vírus, onde o que importa é o engajamento e não a solução dada – que pensam que os meios justificam os fins. Me cobram respeito, e o que menos demonstram, é o requerido”, escreveu, em seu perfil no Facebook.

(Foto: Reprodução/Facebook)
(Foto: Reprodução/Facebook)

“Foi escolha infeliz? Ok, vamos prosear em relação a isso e entende meu lado… e se minha mãe tivesse sido vítima de violência, tendo seu OLHO ROXO e a lei e tivesse salvado? Eu não poderia homenagear tal lei?”, comentou André, em resposta a uma internauta.

(Foto: Reprodução/Facebook)
(Foto: Reprodução/Facebook)

Após a repercussão, o estabelecimento publicou um pedido de desculpas em sua página nas redes sociais — os responsáveis reconheceram o erro e ressaltaram que não compactuam com qualquer tipo de violência.

Importância da lei

As mulheres possuem um grande histórico de lutas em prol de condições mais igualitárias na sociedade. Lutamos pelo direito de votarmos, de dirigirmos, de frequentarmos os mesmos locais que os homens sem sermos agredidas, pelo direito de podermos estudar e alcançarmos cargos acadêmicos, executivos e políticos, pelo direito de termos ou não uma família, quando quisermos e com quem quisermos e pelo direito de sermos donas do nossos corpos.

Em 2006, conquistamos a Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir e violência doméstica e familiar contra a mulher. O nome da lei é uma homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu duas tentativas de feminicídio de seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, na década de 1980. Na primeira vez, ele atirou nela, e na segunda, tentou eletrocutá-la durante o banho. Devido à gravidade das agressões sofridas, Maria da Penha ficou paraplégica. O agressor foi condenado em outubro de 2002, apenas seis meses antes da prescrição(a perda do direito de punir do Estado) do crime.

Ao longo da história, alcançamos muitas melhorias, mas ser mulher, tanto no Brasil como no mundo, não é fácil. Por aqui, dados relacionados à violência doméstica, violência obstétrica e violência sexual evidenciam todos os abusos que sofremos. Segundo dados do G1, em 2017, 12 mulheres são assassinadas todos os dias, em média. Foram contados 4.473 homicídios dolosos, sendo 946 feminicídios — casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela sua condição de gênero. Outros levantamentos realizados pela Fundação Perseu Abramo mostram que a cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil. Em âmbito mundial, 7 em cada 10 mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida, de acordo com a ONU.

Por isso, Maria da Penha continua a dedicar sua vida para lutar pelos direitos das mulheres e acredita que a lei e a proteção deveriam cuidar também dos filhos dessas vítimas de violência doméstica. “Quando uma mulher consegue sair dessa situação [de violência], o exemplo dela é muito importante para os filhos e as filhas. Os filhos, para não repetirem aquilo que viram quando adultos forem; e as filhas, que vão detectar com mais facilidade um homem agressor”, disse Maria da Penha, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido nesta segunda-feira (27).

“Se a criança foi criada vendo seu pai bater na sua mãe e esse agressor não ser punido como a lei determina que seja, se ele não for orientado na escola que isso é crime, ele vai continuar na escola repetindo essa cultura que ele aprendeu”, defendeu.

O respeito começa dentro de casa

A Pais&Filhos acredita que é preciso, sim, ensinar ao seu filho a importância de leis como a Maria da Penha. E que violência doméstica não deve ser pretexto para piadas ou trocadilhos. Muitas crianças vivem em lares onde há brigas violentas diariamente. E até mesmo as crianças que não presenciam a violência doméstica ficam mais vulneráveis, já que o abuso verbal e emocional “a portas fechadas” também causam estresse.

“Quase todos os pais não compreendem que seu filho consegue entender que está havendo uma briga”, diz Robert Sege, diretor da divisão de família e defesa da criança no Boston Medical Center. Por isso, testemunhar alguma agressão aumenta o risco de a criança ter algum problema emocionalno futuro.

Portanto, se você está vivendo qualquer tipo de abuso doméstico, procure ajuda imediatamente, especialmente se for físico. Encontre uma maneira de remover você e seus filhos da situação. Procure recursos que ajudem vítimas de violência doméstica, como o Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher e as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM).

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