Publicado em 20/07/2020, às 14h05 por Redação Pais&Filhos
Médicos franceses divulgaram que um bebê contraiu COVID-19 enquanto ainda estava na barriga da mãe. Ao que tudo indica, esse é o primeiro caso comprovado de uma gestante que transmitiu o novo coronavírus ao filho. O estudo foi publicado na revista Nature, na última terça-feira (14).
A mãe tinha 23 anos e estava no terceiro trimestre de gestação. Em 24 de março, apresentou febre e tosse e precisou ser internada. No hospital, fez o teste e o resultado deu positivo para o novo coronavírus. Três dias depois precisou fazer uma cesárea de emergência. Logo após o nascimento, o bebê também foi avaliado e diagnosticado com a doença.
A suspeita é de que o vírus atravessou a placenta e contaminou o bebê antes mesmo do nascimento. Outras análises já identificaram casos de recém-nascidos com COVID-19, mas nenhuma havia conseguido deixar claro como as transmissões de fato aconteciam.
Até agora, não dá para afirmar se, quando transmitida durante a gravidez, a COVID-19 pode trazer consequências para o desenvolvimento do feto. “Mesmo que o bebê nasça com contaminação pelo coronavírus, não existem por enquanto indícios de que ele possa causar má-formação ou nenhum tipo de agravante maior para o feto”, explica o ginecologista Igor Padovesi, colunista da Pais&Filhos e pai de Beatriz e Guilherme.
Apesar de a descoberta ser importante, não é motivo para que você se preocupe com isso. Segundo o especialista, casos como esse ainda são raros. “Agora, temos evidências de que o vírus passa da mãe para o bebê, mas, ainda assim, são casos de absoluta exceção. De tudo o que existe documentado cientificamente até hoje, sabemos que o coronavírus não apresenta para a mulher grávida ou para o bebê pequeno um risco maior do que para a população em geral”, diz.
Por isso mesmo, a recomendação é que as mulheres grávidas tomem os mesmos cuidados que as outras pessoas também precisam tomar, evitando aglomerações, usando a máscara quando precisar sair de casa e higienizando bem as mãos.
A seguir, o ginecologista esclarece as principais dúvidas sobre o assunto:
Depende do vírus e da fase da gestação em que a infecção da mãe acontece. Alguns vírus têm a capacidade de atravessar a placenta e outros não. No caso do HIV, da hepatite B e do zika, por exemplo, a chance de transmissão é alta. Já outros vírus, que podem causar quadros de resfriado comum, dificilmente são transmitidos para o feto.
Quando a mãe é contaminada, o vírus cai na corrente sanguínea e pode passar via placenta para o feto.
Em alguns casos, já dá para saber durante a gravidez. Para os vírus que são mais graves, é possível identificar por ultrassom alterações que sugerem a infecção. Para ter a confirmação, normalmente fazemos uma punção com agulha, para obter uma amostra do líquido amniótico e checar se o vírus está presente ou não.
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