Gravidez

Episiotomia: conheça os riscos e saiba como evitar esse tipo de violência obstétrica

Episiotomia é um procedimento cirúrgico que objetiva aumentar a abertura vaginal por uma incisão no períneo - Getty Images
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Publicado em 06/02/2022, às 19h59 - Atualizado às 20h07 por Hanna Rahal, filha de Lydiana


O momento em que o bebê nasce, é sem dúvidas, o mais esperado em toda gestação e por isso, deve acontecer da maneira que a mãe desejar. Entretanto, nem sempre isso acontece. Existem alguns procedimentos aplicados durante e após o parto que nem sempre são bons para as mães – como a episiotomia, que pode inclusive ser considerada um tipo de violência obstétrica. A Pais&Filhos conversou com especialistas para entender mais sobre a “episio”.

Mas afinal, o que é a episiotomia?

Episiotomia é um procedimento cirúrgico que objetiva aumentar a abertura vaginal por uma incisão no períneo (região localizada entre a vagina e o ânus) no momento do parto. Depois, é necessária uma sutura para a cicatrização. Antes, a episiotomia foi pensada para tentar prevenir lacerações vaginais muito intensas durante o parto. Mas hoje em dia, pesquisas mostram que episiotomias de rotina, acabam não resolvendo nenhum dos problemas que poderiam motivá-lo.

Episiotomia é um procedimento cirúrgico que objetiva aumentar a abertura vaginal por uma incisão no períneo
Episiotomia é um procedimento cirúrgico que objetiva aumentar a abertura vaginal por uma incisão no períneo (Foto: Getty Images)

De acordo com uma pesquisa da plataforma digital BabyCenter Brasil, conduzida com 3 500 mulheres que se tornaram mães em 2018, no total, 33% dos partos normais envolveram a técnica. Na edição anterior, de 2012, esse número chegava a 71%. Apesar da queda, cabe lembrar que, segundo esse estudo, o índice atual do Brasil supera em mais de três vezes as recomendações da OMS.

Para Isis Quaresma, mãe do Lucas, Ginecologista e Obstetra pela Febrasgo, não existe na literatura nenhuma evidência de que a episiotomia seja eficaz. “O desprendimento natural do feto costuma ser muito menor do que quando se faz um corte tão grande, deixando um trauma relevante no canal do parto. Ou seja, você causa uma lesão que é desnecessária para a mulher, deixando muitas dores”, conta.

Quais os riscos da episiotomia?

A episiotomia é um procedimento muito invasivo e deve ser realizado em últimos casos. A enfermeira e obstetra Cinthia Calsinski, mãe de Matheus, Bianca e Carolina explica que o procedimento deve ser evitado ao máximo. “Existem evidências fortes que comprovam que ela traz mais consequências negativas do que positivas”, explica.

Para a ginecologista e obstetra, especialista pela Febrasgo, Karina Tafner, mãe de Marina, a necessidade da episiotomia é avaliada no momento do nascimento do bebê. “Ela é indicada em raríssimos casos, como partos que podem prejudicar a saúde do bebê. Ou seja, se ela for realizada, precisa ser feita de forma seletiva, bem justificada e da forma correta, caso contrário, a equipe médica pode colocar a mãe em um risco desnecessário”, diz. Em todo caso, vale lembrar que, se for realizada, são necessários todos os cuidados como qualquer outra cirurgia. Dentre os principais riscos para a mulher, estão:

  • Lesões nos músculos da região íntima
  • Hemorragias
  • Incontinência urinária e fecal
  • Infecção no local do corte
  • Aumento do tempo de recuperação do pós-parto
  • Dores nas relações sexuais

Muita calma nessa hora! De acordo com todas as especialistas, as mães podem evitar a realização dessa manobra com alguns recursos, como por exemplo: a fisioterapia pélvica, que é indicada para a preparação do períneo. “Exercícios que trabalham alongamento, força e relaxamento da região perineal trazem bons resultados”, explica Cinthia.

Para Isis, outra coisa que pode prevenir lacerações em geral na hora do parto, é ter um pré-natal com bastante informações.

“Ponto do marido”?

A episiotomia, no geral, é um corte. Geralmente, é feita por conta do chamado “ponto do marido”. Ou seja, na hora de suturar esse corte, são feitos pontos para proporcionar a aproximação dos músculos. “Contudo, também se faz um ponto extra e mais apertado, para que se diminua o canal vaginal – o que supostamente traria mais prazer sexual para esse parceiro”, explica Isis. A ginecologista ainda avalia que os “benefícios” não sobressaem os riscos.

A episiotomia, que pode inclusive ser considerada um tipo de violência obstétrica
A episiotomia, que pode inclusive ser considerada um tipo de violência obstétrica (Foto: Getty Images)

Para os especialistas, esse tipo de procedimento tem muito a ver com violência obstétrica. “A mulher tem o direito de decidir o que pode ou não acontecer com seu corpo. Quando há evidências de que a episiotomia não traz benefícios e ainda pode trazer malefícios, e ela é feita sem o consentimento da mulher – o que acontece com muita frequência –  é uma violência obstétrica”, avalia Cinthia.

Violência obstétrica? Como assim?

A Organização Mundial da Saúde fez uma lista de possíveis violências no parto para que as gestantes e acompanhantes saibam identificar e combater nos hospitais e maternidades: abuso físico, abuso sexual, preconceito, discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as gestantes e os profissionais e condições ruins do sistema de saúde.

No Brasil, dados mostram que 25% das mulheres já sofreram algum tipo de violência obstétrica. Sem saber, muitas mães já foram vítimas desse tipo de agressão, que pode ser física ou verbal, durante ou antes do parto. Independentemente do tempo que uma agressão possa ter acontecido, é fundamental denunciar e falar sobre o assunto. Desta maneira, outras mulheres ganham espaço para também expor os abusos e violências que tenham sofrido.

Casos de violência obstétrica podem ser denunciados pelo Disque 136, se o parto ocorreu em maternidade do SUS, ou pelo Disque 180, que recebe todos os tipos de denúncias de violência contra a mulher. O serviço está disponível 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é gratuita. Tenha sempre a sua rede de apoio próxima para te ajudar a lidar com esse trauma que não deve ser menosprezado.

Ter um plano de parto faz toda a diferença

O plano de parto é um grande aliado na hora de assegurar à futura mãe que suas opções em relação aos procedimentos no momento do nascimento sejam respeitadas. Com esse documento, a ansiedade e as chances de frustrações são minimizadas. Em geral, ele inclui as escolhas da gestante sobre alimentação, deambular (ficar livre para caminhar e se movimentar), quem quer que a acompanhe, o pedido em relação à anestesia, se aceita fazer tricotomia (raspagem dos pelos), e outras situações que vão do início do trabalho de parto até depois do nascimento do bebê.

mulher tem o direito de decidir o que pode ou não acontecer com seu corpo
A mulher tem o direito de decidir o que pode ou não acontecer com seu corpo (Foto: Getty Images)

É importante ressaltar que o plano de parto é uma diretriz, mas quem dá a palavra final sobre os procedimentos em caso de necessidades específicas ou emergências, é a equipe médica. Entretanto, que não seja utilizado no dia, o documento possibilita aos pais uma compreensão mais ampla dos processos do nascimento e a possibilidade de compartilhamento das decisões.


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