Publicado em 05/09/2011, às 21h00 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos
Às vezes, a vida sexual pode piorar após os filhos. Nada que uma boa conversa e muita discrição não resolvam
Para alguns casais sortudos, a vida sexual melhora depois da chegada do bebê. Para outros, fica na mesma. E para 15% (segundo dados de uma pesquisa Datafolha feita no ano passado), piora. O principal motivo apontado pelos entrevistados é que os filhos demandam muita atenção. Sem contar as preocupações, o cansaço e o medo de ser rejeitado pelo parceiro. E muita gente acha até normal: 12% acreditam que a pessoa sente menos desejo depois de ter filhos.
Para a psicoterapeuta de casais Silvia Malamud, isso acontece porque a intimidade do casal é sempre afetada com o nascimento do bebê, de um jeito ou de outro. Há um terceiro no meio da relação, então é inevitável que surja uma certa inibição. Porque, afinal, o filho está no quarto ao lado. E se ele ouvir alguma coisa? E se ele aprender a pular do berço e pegar a gente no flagra?
A mulher pode ser vista como um ser santificado. Aí, lascou-se. A função de mãe “substitui” a função de mulher. Pior: o homem começa a projetar a imagem da própria mãe, que no seu imaginário não fazia sexo. Mãe transa? Claro que não, né? Se esse tipo de pensamento te incomoda, é preciso muita conversa e ajuda psicológica, se começar a atrapalhar demais.
Outro fator que pode atrapalhar a vida sexual é a falta de compreensão do homem em relação ao grude da mãe com o filho. Pode surgir a angústia da separação e até uma sensação de rejeição inconsciente. Fiquem atentos a esses sentimentos e conversem, conversem e conversem mais!
E então vem o segundo passo: “Preservar o espaço de intimidade do casal e, pouco a pouco, exercer a reaproximação da intimidade física”, aconselha Silvia.
A privacidade entre homem e mulher vem antes da vida do bebê. Ela tem de ter o seu lugar reservado. O casal deve ter a consciência de que a vida mudou, sim, mas que é só questão de adaptação à nova realidade. Importante é nunca Se esquecer de impor limites e delinear o seu território.
Quem vai ter clima para transar se as paredes estão cheias de fotos de bebê? Reserve-as para a sala, o corredor, o quarto da criança… O quarto do casal é de vocês, marido e mulher. A cama dos pais é dos pais e pronto! A criança tem de aprender a lidar com a frustração de que, em algumas situações, ela não cabe. E assim a cama permanece o lugar “sagrado” de relacionamento do casal. Lugar de namorar, sim, ué!
Assim, se seu filho aparecer no meio da noite, leve-o de volta para o quarto dele. Durante as relações sexuais, mantenha a porta trancada. Se ele bater na porta bem na hora, diga que vocês estão descansando. Não precisa dar explicações que seu filho não pediu.
Pode ser constrangedor manter relações sexuais com o filho dentro de casa, é verdade. É sempre a tal da culpa. Mas ponha a culpa de lado e não a deixe impedi-los de pegar um cinema juntos. Todo casal tem o direito de ter tempo para curtir um ao outro. Na volta, cheque se seu filho está dormindo, tranque a porta e, silenciosamente (mas não tanto que corte o clima), namore à vontade.
Consultoria: Silvia Malamud, mãe de Betina e Bruno, é terapeuta em EMDR, terapeuta em Brainspotting e faz psicoterapia Breve e de Casais
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