Publicado em 16/01/2021, às 16h01 - Atualizado às 16h01 por Maria Laura Saraiva, Filha de Laise e Carlos
Uma jovem de 27 anos escreveu um relato sobre como é se casar no meio da pandemia sem a presença da família. Aeny Layce de Paula Silva contou para o UOLque vive no Canadá e precisou se unir ao namorado para oficializar seus documentos no país. Sem tempo para esperar, a brasiliense entrou no altar acompanhada de um estranho que usava uma máscaracom o rosto do seu pai.
“Tenho 27 anos e sou de Brasília, mas hoje moro na província de Ontário, no Canadá. Me casei recentemente e por causa da pandemia precisei encontrar uma maneira criativa de ter meu pai me acompanhando até ao altar. (…) Quando eu tinha 18 anos meu pai me mostrou um vídeo da minha infância. Nele, ele me pergunta o que eu quero para o futuro e eu encho a boca para dizer que “quero estudar inglês e ir para os Estados Unidos morar com um príncipe no castelo”, escreve.
Naquela idade, Aeny conta, ela não tinha namorado, não sabia falar inglês e nem tinha ido aos Estados Unidos. O jogo mudou em 2014, quando a jovem conseguiu economizar dinheiro suficiente para fazer o tão sonhado intercâmbio. Após a experiência, a brasileira retornou para terminar a faculdade, e, dois anos depois, embarcou novamente para o país.
“Conheci o Isaac, meu agora marido, em 2017, em um aplicativo de relacionamentos gospel. Quando descobri que ele era do Canadá, pensei que era só mais um relacionamento que não daria certo devido à distância, mas continuei conversando. Essa brincadeiradurou cinco meses e passei a planejar a minha visita ao Canadá”, conta.
“Sai dos EUA rumo ao Brasil e fiz uma conexão de 20 dias lá para conhecer o Isaac e toda a família dele. Foi um risco, mas eu já tinha falado com a família dele por chamada de vídeos e fui confiante. (…) A viagem foi ótima e começamos a namorar. Depois disso enfrentamos o namoro à distância, ele foi para o Brasil me visitar, eu vim para o Canadá visitar ele e depois de um ano de distância, me mudei para o Canadá, onde vivemos atualmente”, explica.
O casamento começou a ser planejado no início de 2020, quando ainda não existia pandemia. A data foi adiada inúmeras vezes para que a família da jovem conseguisse estar presente no momento, mas o Canadá não tinha previsões para o fim das restrições aos turistas brasileiros.
“Eu precisava da documentação do casamento para poder continuar morando no país e por isso não podíamos mais adiá-lo. Por causa das restrições da covid, a família do Isaac também não poderia estar presente na cerimônia, apenas os avós dele acompanharam a gente”, diz a jovem.
“Aceitar que me casaria sem ninguém da minha família aqui foi uma das decisões mais difíceis que já tomei. Minha mãe e minhas amigas me ajudaram a escolher o vestido de noivapela internet”, completa.
Ela conta que a ideia da máscara surgiu quando a saudade se tornou insuportável. Ela não queria entrar sem o pai, então viu ali uma chance de se sentir mais próxima da família.
“Eu não entraria acompanhada de outra pessoa que não meu pai. Depois de muito pensar surgiu a ideia de confeccionar uma máscara com o rosto dele, feliz. Eu queria que a pessoa que usasse a máscara com o rosto dele fosse alguém que não fizesse parte do meu ciclo de amigos ou da famíliado Isaac, queria que fosse alguém que não tivesse nenhum tipo de ligação conosco, para que ele realmente estivesse ali apenas para representar o meu pai”, diz.
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A cerimônia aconteceu no dia 18 de novembro, ao ar livre, no jardim da casa dos avós de Isaac. O momento foi compartilhado com a família brasileira pela internet. Aeny diz que caminhou para o altar enquanto ria, chorava e tremia de nervoso.
“’Meu pai’ veio ao meu encontro e ver aquele sorriso na máscara me fez ver o meu pai ali, orgulhoso e realizando um sonho nosso. Não sei explicar a realidade que aquilo se tornou para mim. Depois que eu vi o vídeo da reação dele, acompanhando tudo de casa, pude perceber que valeu muito a pena.
Para viver esse momento comigo, mesmo que a distância, minha mãe preparou um almoço especial na casa deles, em Brasília. Ela, meus irmãos e meu pai estavam vestidos como se estivessem realmente na minha cerimônia de casamento. Senti, que apesar das condições, nosso casamento foi mágico e não ficou um vazio no coração de ninguém”, finaliza.
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