Publicado em 29/03/2022, às 08h08 por Redação Pais&Filhos
Myroslava Moroz, 37, conheceu o marido brasileiro na Crimeia há 11 anos. Os dois se casaram e vieram morar no Brasil. Durante a pandemia, eles viveram por três anos na Ucrânia, junto com as duas filhas e com a família de Myroslava. Por conta do trabalho do marido, a família retornou para São Paulo há um ano. A ucraniana voltou a ter que lidar com a saudade, e não esperava pelo início de uma guerra em seu país de origem.
Por volta das 5h, ela recebeu uma ligação da mãe, que morava em Kiev, muito assustada. “Me ligou chorando, porque começou a guerra. Ela escutou explosões fora, e viu aviões voando”, contou Myroslava ao portal do G1. A ucraniana no Brasil começou a ligar para outros familiares, como o pai, a tia e amigos que moram em território ucraniano para saber se todos estavam bem.
Iryna Moroz, mãe de Myroslava, tentou sair de Kiev, mas não tinha gasolina suficiente para ir a outra cidade. “Ela ficou se escondendo no subsolo, a cada vez que escutava um sinal de perigo. O prédio vizinho explodiu. Um pedaço de míssil caiu no prédio, e ele queimou do 9º ao 6º andar. As janelas do prédio da minha tia, do lado oposto, explodiram”, contou Myroslava, após ouvir o relato dos parentes.
Depois de alguns dias, o marido de Myroslava conseguiu falar com a embaixada brasileira, que ajudou Iryna a ir para a Polônia, de carro. De Varsóvia, ela comprou uma passagem aérea e veio para o Brasil. A tia de Myroslava, a engenheira civil Olga Kucher, de 49 anos, também conseguiu deixar a Ucrânia, pela Hungria.
As duas estão morando com Myroslava, o marido e as duas filhas em um apartamento em São Paulo. Neste fim de semana, elas foram visitar Santos, onde mora a sogra de Myroslava. “As duas estão comigo, graças a Deus, cuidando das netas. Viemos ficar o fim de semana, colocar o pé no oceano, para recuperar um pouquinho”, contou ela.
A aposentada Maria Cecília Terra, de 66 anos, sogra de Myroslava, diz que é um prazer recebê-las em Santos e ajudar de alguma forma. Ela fala que procura não comentar sobre a guerra com elas, mas trazer momentos de alegria e acolhimento. Durante o fim de semana, elas visitaram a praia e puderam curtir um pouco do calor brasileiro.
O pai, o irmão, os tios e avôs de Myroslava permanecem em várias cidades da Ucrânia. Myroslava disse estar muito preocupada com os parentes, mas explicou que o homem é considerado o protetor das mulheres e crianças. Por isso, permanecer no país em guerra é uma questão de honra para eles.
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