Família

Pai perde a mulher em acidente e cuida sozinho do filho: “É difícil, mas não precisa ser triste”

Arquivo pessoal

Publicado em 01/08/2018, às 17h19 por Jennifer Detlinger


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O advogado Rodrigo Segantini perdeu a mulher Adriana em 2014, após um acidente de carro, e passou a cuidar sozinho do filho Arthur, na época com 4 anos. Uma história triste, mas que serviu como combustível para pai e filho criarem uma fortaleza com base na cumplicidade e amor.

Rodrigo registra o dia a dia dos dois e o crescimento de Arthur na página Tudo Pelo Meu Filho, no Facebook. Ele enviou seu depoimento por meio do projeto Lá em Casa é Assim — parceria da Pais&Filhos com a Natura Mamãe e Bebê — e nos contou como é exercer a paternidade da melhor forma, conciliando tudo com os desafios que viveu (e ainda vive). Vem conhecer essa história emocionante.

“Um dia, a Adriana me disse que estava grávida e de gêmeos. Claro que fiquei muito feliz. A gravidez era de risco e logo um dos bebês não resistiu. A gestação foi complicada, mas finalmente o Arthur nasceu após 30 semanas, em 09/09/09. Prematuro, saiu da sala de parto e foi direto para a UTI, onde ficou por quatro meses: logo em seus primeiros dias, desenvolveu uma infecção que atingiu seu intestino. Ele não tinha nem um mês de vida e já havia passado por quatro cirurgias, teve amputado metade de seu intestino, duas paradas renais de mais de 30 horas e uma parada cardiorrespiratória de cerca de cinco minutos. Mas o menininho foi persistente e venceu.

Em seus primeiros três anos, era preciso tomar muito cuidado com sua alimentação porque era difícil ganhar peso e sua imunidade era baixa. Eu e minha esposa dedicamos todos os cuidados e empenhamos os maiores esforços para que se estabelecesse e se desenvolvesse. Arthur respondia bem aos tratamentos que era submetido e tudo parecia então que iria, finalmente, entrar nos eixos.

Até que minha esposa sofreu um acidente de carro em abril de 2013 e ficou em coma. Decidi ficar com ela, ajudá-la em sua recuperação, na cabeceira de sua cama, orando e estimulando-a, tentando equilibrar o trabalho e a atenção ao meu filho na medida do possível. Mas, seis meses depois, o Arthur reclamou que sentia saudades de mim – e entendi que meu filho estava compreensivelmente sem a mãe e inexplicavelmente sem o pai. Por isso, readequei toda a minha vida para ficar com meu filho. Fiz graves e severas mudanças em minha rotina de trabalho e no meu convívio social para poder me dedicar ao Arthur e lhe dar toda a cobertura que reivindicou e que precisava enquanto esperávamos pela recuperação da Adriana. Até que a Dri partiu, em julho de 2014.

Para que meu filho não sofresse com o luto pela mãe, guardei a tristeza em meu coração e ensinei ao Arthur que a mamãe sempre estaria conosco, em nossos corações, acontecesse o que acontecesse. Ensinei a ele que nosso sentimento pela mamãe deveria ser de gratidão, por ela ter dado o Arthur à luz, por ter se empenhado para que ele vingasse, por ter sido uma mãe excepcional e lutado tanto para ficar entre nós. Entendemos que sua partida era a forma de finalmente descansar, não de desistir.

Desde então, eu e o Arthur seguimos sozinhos. Embora seja difícil, não precisa ser triste. Pontuamos nossas vidas com muitas brincadeiras e traquinagens para que a alegria seja polvilhada em cada momento nosso. Isso fez com que passássemos a ser vistos como exemplos, pois as pessoas se surpreendiam por termos conseguido seguir adiante apesar de tudo o que passamos. Palavras como superação, resiliência, auto-eficiência passaram a ser muito associadas a mim e ao Arthur. Criei perfis nas redes sociais com o nome Tudo pelo meu filho, que são seguidos por centenas de milhares de pessoas. Diariamente, recebemos dezenas de postagens, comentários e mensagens pedindo conselhos, orientação e ajuda acerca de paternidade ativa e afetiva, superação de luto, enfrentamento e resolutividade. Isso fez com que toda aquela dor presa em meu peito pudesse ter utilidade e servisse de lição, inspiração e exemplo.

Não me deslumbro com esta fama, mas a acho interessante: quando estive no hospital, seja por causa do Arthur, seja por causa da Adriana, tudo o que eu queria era ter alguém com quem conversar, para contar o que eu estava sentindo, que pudesse me dizer que sabia que tudo aquilo iria passar. Várias pessoas apareceram em meu caminho com este propósito e algumas até me ajudaram. Mas, no final, eu estava sempre sozinho. Minha proposta é não deixar ninguém sozinho, é estar sempre à disposição para conversar, para trocar ideias e ajudar.

Quem vê meu filho, me vê. Quem me conhece, conhece meu filho. A vida nos forjou no fogo das provações que enfrentamos quando encaramos os sofrimentos que surgiram em nosso caminho. Por isso, nos tornamos um só, somos como uma unidade, seguimos juntos e somos indissolúveis. É certo, no entanto, que ele tem crescido e criado asas e é claro que voará seus voos e viverá seus sonhos. Ainda assim, jamais deixarei de ser o pai do Arthur e estarei sempre com a luz da varanda acesa e com a casa arrumada esperando ele voltar, se quiser ou precisar. Quando se trata de amor de verdade, para sempre não é tempo suficiente”.

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Palavras-chave
Comportamento Família Criança Papel do Pai Matérias Aconteceu comigo

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