Publicado em 04/03/2022, às 09h21 por Redação Pais&Filhos
Um menino de apenas 4 anos com síndrome de Down e leucemia mieloide aguda, conseguiu finalmente deixar a Ucrânia com a mãe para retomar o tratamento das doenças. Nikita Synytsky passou os primeiros dias da guerra escondido em um abrigo antibombas no subsolo de um hospital da capital, Kiev.
A cada sessão de quimioterapia ou transfusão de sangue, o menino subia lances e mais lances de escadas com sua mãe, a também ucraniana Tatiana Pakhaliuk, até a enfermaria. Na quarta-feira (2), os dois conseguiram fugir da cidade – alvo de ataques russos – em um ônibus com outras 20 crianças do setor de oncologia.
Passaram por Lviv, no oeste do país, atravessaram a fronteira para a Polônia, pela vila de Medyka, até chegarem, nesta sexta (4), a um hospital em Gdansk. Em entrevista ao G1 a mãe do menino contou que Nikita “não se sentiu muito bem” após a travessia dramática.
“Meu filho está cansado. Não havia [no ônibus] estrutura médica alguma: apenas motorista e passageiros. Não tínhamos nem antibióticos, porque os organizadores esqueceram”, escreveu. Mesmo depois de serem recebidos no Centro Clínico Universitário em Gdansk, onde Nikita poderá continuar o tratamento quimioterápico, o nervosismo persiste.
“Ainda estamos tensos. Na estrada, em Lviv, foi muito difícil”, disse a mãe do menino. Não havia um “comboio médico” os esperando para continuar o trajeto – foi uma busca incessante por transporte, até “pessoas de boa vontade” oferecerem um novo ônibus que os levasse ao hospital.
Tatiana tem mais duas filhas, de 6 e 14 anos, que estavam abrigadas com o pai no estacionamento de um prédio na Ucrânia. Não era possível sair de lá e fugir, porque a gasolina do carro havia acabado. Felizmente a mãe encontrou uma família da Polônia nas redes sociais que aceitaria as crianças. Então Tatiana decidiu que seria mais seguro deixar as filhas com desconhecidos do que na guerra.
Agora, o foco é garantir o sucesso no longo tratamento de Nikita contra a leucemia. Depois disso, a família poderá seguir em frente, contou Tatiana. “Estou procurando uma oportunidade para ir para bem mais longe.”
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