Publicado em 24/07/2019, às 08h19 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h27 por Nathalia Lopes, Filha de Márcia e Toninho
O depoimento de uma mãeque resolveu processaro sistema público de saúde da Inglaterra está dando o que falar. Principalmente porque a mulher diz que abortaria a filha se soubesse que ela tinha uma síndrome rara antes do nascimento.
Ela ressalta que por não ter sido avisada pelos médicosdo hospital público, precisa ser indenizada. A matériafoi publicada no Facebook da Pais&Filhos e rendeu muitos desabafos e comentários sobre como as mães de crianças especiais deveriam ou não agir em relação aos cuidados que elas necessitam.
Diante de tantos relatos, o de Juliana foi a que mais rendeu discussões. Muitas mulheres a apoiavam e davam força. Jeane, Graciana, Erica e Andreza são apenas algumas das mães que manifestaram apoio à Juliana.
Juliana: “Minha filha também veio especial, descobri na gestação que ela tinha inúmeras lesões no cérebro por conta de uma hidrocefalia. A médica me disse que eu poderia abortar por conta da situação, mas por amor resolvi que ela tinha direito de nascer e que se precisasse de mim para tudo, eu estaria aqui. E é assim… a vida mudou completamente, mas é minha filha, meu bem mais precioso e graças a Deus ela tem um pai e uma irmã que a amam incondicionalmente. Ela não enxerga, não anda, não fala e além disso tem epilepsia, mas a vida dela pertence a Deus e a mim só cabe cuidar com amor!”
Jeane: “Parabéns pela sua atitude… isso é ser mãe de verdade”.
Graciana: “Juliana Moreira que lindo! Me emocionei com seu depoimento. Que Deus abençoe você e toda sua família”.
Erica: “Juliana Moreira que bom ler isso depois de ler essa matéria… porque a forma como essa mãe fala, me parece que se trata de um fardo que ela não que carregar, sei das inúmeras dificuldade que ela passa, mas ela fala de forma que parece insustentável ser mãe dessa criança. Que bom que a sua é cheia de amor”.
Andreza: “Juliana, eu imagino. Meu filho adquiriu hidro com 3 meses, só tem retardo na aquisição da linguagem não posso reclamar, diante de tantas mães que passam por tantas coisas muito além do que eu passo”.
Mas algumas outras mulheres, usaram o comentáriopara apoiar as mães que acreditam que talvez a ideia de Lindsey não seja tão ruim e fizeram questão de ressaltar que cada caso é um caso e cada mãe tem uma maneira de ver o mundo.
Tatiana: “Incrível como as pessoas gostam de dar palpite… gente cada um sabe onde dói mais… não vamos comparar doenças e maneira de cuidar… Vamos parar de julgar e dar amor seja como for… parabéns as mãe que tem seus filhos doentes e conseguem cuidar… mas essa mãe e tantas outras só estão sendo honestas… imagino o sofrimento de ver um filho sofrer… e a famíliatoda… Deixamos de dar ” pitacos” e passamos dar mais conforto para estas mães!”.
Leidy: “Desculpa a sinceridade, mas isso não é algo que você fez pela sua filha. A criança está presa em um corpo, apenas. Isso não é viver, é vegetar… É como viver preso pelo resto da vida. Preso em seu próprio corpo. Não consigo romantizar isso… Pra mim, é muito pior do que sequer existir”.
Genny: “Leiam a reportagem, essa mãe com certeza ama sua filha e é justamente por amá-la que ela preferiria ter abortado, isso não é egoísmo, muito pelo contrário, egoísmo é querer a qualquer custo manter uma criança que sofre pra sobreviver (cega, sem movimentos, epilepsia, etc, etc), por causa de dogmas religiosos. Amar também é deixar partir”.
ENTENDA O CASO
Lindsey Shaw, mãede Emily, tinha 28 anos quando deu à luz em 2014. Mas acontece que ela não teria se tornado mãe se soubesse que a filha tinha uma síndrome rara. Teria abortado. Quando estava com 21 semanas fez um ultrassom para má formações, mas os médicos erraram o diagnóstico.
O caso, que aconteceu em Middlesbrough, está repercutindo porque na última segunda-feira, 22 de julho, Lindsey entrou com um processo milionário contra o sistema público de saúdeda Inglaterra.
Os médicos do Hospital James Cook chegaram a prestar esclarecimentos à Suprema Corte de Londres e disseram que, realmente, naquele ultrassom, não havia nenhuma alteração. Mas uma série de testes confirmaram que Emily tem Síndrome de Aicardi.
A indenização
Lindsey se justifica dizendo que não abortaria a menina por não amá-la, mas para que ela não precisasse passar pelo que passa. “Eu teria interrompido minha gravidez, mas não porque ela tem uma deficiência, não porque eu não a amo, mas porque eu sabia que ela iria sofrer diariamente e não teria qualidade de vida”, disse em nota ao Gazette.
A mãe afirma que, precisa do dinheiroda indenização do governo para arcar com os altos custos que ela tem para cuidar da filha. E de fato, o tratamento não é fácil. Aos quatro anos de idade, Emily não fala, não anda e é parcialmente cega.
Wayne Walker, advogado de Lindsey, também se manifestou sobre o caso. “O paciente deve ter a oportunidade de ser informado de que certas estruturas… não foram visualizadas, permitindo que as mães tomem decisões sobre a gestaçãoquando todas as informações são apresentadas à elas”.
Os cuidados
A Síndrome de Aicardi é uma condição genéticaextremamente rara. Mas ela faz com que os dois lados do cérebro não se comuniquem da forma correta. Cerca de 4 mil pessoas em todo o mundo são afetadas por ela.
Por conta disso, Lindsey desabafa sobre os problemas que tem com a filha mais nova. “Ela não pode andar e não consegue se sentar, não tem força corporal. Nós tentamos mantê-la o mais saudável possível, mas ela tem muitas infecções pulmonares, algumas que levaram a vida de algumas crianças“, conta.
“Parece que só saímos para consultas médicas. Isso parece negativo para algumas pessoas, mas é assim que é. Trazer Emily para dentro e depois para fora o tempo todo, faz com que la tenha convulsões, então nos impede de sair”, termina a entrevista.
A Pais&Filhos apenas torce para que a menina possa ter o melhor tratamento possível, que ela não sofra com dores e procedimentos desnecessários e principalmente, sinta-se muito amada. Muita força para toda a família.
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